sexta-feira, 23 de abril de 2010

Contos moucos dos loucos (III)


Manuel e Beatriz
Alberto não gostava da Beatriz.
Beatriz gostava do Carlos, que gostava da Dora, que não gostava do Eurico, que gostava da Fátima, que gostava do Gabriel, que gostava da Hilda, que não gostava do Ilídio, que gostava da Joana, que gostava do Luiz, que gostava da Manuela.
Mas, Manuel não gostava da Beatriz.


Faltavam nove minutos para as onze horas, da noite. Ela ainda não havia chegado. E não chegou até agora.

As galinhas
Era uma galinha. Acasalava com o galo. Chocava ovos. Nasceram pintinhos, tornaram-se frangos. Acasalaram com galos. Envelheceram galinhas. Continuaram acasalando com galos, grandes, pequenos e médios. Nasceram pintinhos. Tornaram-se frangos...

A primeira vez
Disse chamar-se Fedolino. Catava vieiras e percebes na praia da Adraga. Nunca havia visto um barco. Sabendo disso, Albertina e o marido Ticão, condoídos com a sorte de Fedolino, levaram-no a visitar o Museu da Marinha - que fica ao lado do Mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa.
Era domingo de tarde, uma tarde de verão, sol a pino... Fedolino viu, enfim, um barco. Em terra firme.


Um lugar distante...
Era uma vez... um lugar distante habitado por seres de orelhas gigantes, olhos enormes e rodas no lugar dos pés.
Com as grandes orelhas eles enxotavam os mosquitos da dengue. Com as rodas, que atingiam velocidades de fórmula 1, eles podiam tranqüilamente fugir dos assaltantes que eles enxergavam lá muito longe com os seus enormes olhos.
Eram muito felizes, portanto.
Um dia, o "Mayor" de uma cidade fluminense lá chegou com o convite para que se mudassem para essa cidade. Prometeu-lhes um cenário natural deslumbrante. Eles mandaram uma delegação de alto nível, exploratória, para conhecer essa bela cidade.
Bastou-lhes ver, num cruzamento da cidade, um ônibus fechando esse cruzamento, um caminhão de gelo parado na pista da direita de uma avenida litorânea, as combis pararem, para pegar passageiros, no meio da pista de rodagem, ler o JB de 08 de maio de 2007... ainda tentaram enxotar os mosquitos da dengue, mas não adiantava porque com com estes vinham as mariposas, maribondos, maximbombos e outros mosquitinhos das classes - estatísticamente falando - D e E... e também não lhes adiantou de nada as rodas pois que ao fugir de assaltantes de carro, encontravam noutra ponta ladrões de eletônicos ou trombavam com pivetes que os esfaqueavam...
Continuam num lugar distante.


Conto sem fim
Sempre almoçara naquela pensão, desde que a esposa se fora. Pois que com filhos já criados e independentes, houvera por bem adotar este procedimento mais prático e mais barato.
No jantar, 'bastava-lhe' um lanche e umas cervejinhas. Ia se deitar tranqüilo e feliz. E feliz vivia essa rotina modorrenta. Até abril de 2006.
Foi nesse mês que lhe chegou a notícia. Desde então, a rotina modificou-se: um dia bem, outro não, outro nem tanto. Acreditando, desacreditando.
A partir de junho de 2007 não terá mais rotina, nem modorra, nem Paz. Que lhe sobre a saúde, pelo menos. 

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