quinta-feira, 24 de junho de 2010

Blog de Reinaldo Azevedo festeja o 4º aniversário!



Este blog faz quatro anos hoje, dia em que estréio no Twitter. A página era administrada por um leitor. Os posts que publico aqui eram redirecionados pra lá, mas eu não escrevia mensagens para aquele meio, o que passo a fazer a partir de hoje. E sem abandonar, evidentemente, as minhas tarefas no blog. Como vocês sabem, preciso de espaço! Há o que se pode dizer com eficácia em 140 toques. Mas, às vezes, são necessários 1400, 14 mil, 140 mil, uma biblioteca.
Quatro anos!

Um brinde a vocês, que transformaram esta página num sucesso, o que deixa aqueles “caras” injuriados, despertando seus piores instintos. Os mais sinceros não disfarçam e se imaginam, assim, na Alemanha de 9 de novembro de 1938. Sonham fazer conosco a sua Noite dos Cristais.

Este texto, que já andava cá rondando a minha cachola, assume especial sentido neste momento, com a divulgação, ontem, da pesquisa Ibope, que aponta a candidata do PT, Dilma Rousseff, na frente do tucano José Serra. Na terça-feira, alcançou-me uma espécie de clamor, vindo lá das catacumbas dos censores, pedindo que este blog fosse tirado do ar. Acusação: esta seria uma página “serrista”, que faz campanha eleitoral. Publiquei uma análise da pesquisa, que vocês encontram aí abaixo — “análise”, não torcida, embora eu, como Dilma, também tenha lado. O meu é o da democracia, do estado de direito, da economia de mercado, dos direitos individuais.

Há blogs nos EUA, contra Obama e a favor dele, que acusariam esta página de empregar uma linguagem de convento. Programas na TV americana exibem a foto do presidente ou trechos de seus discursos e o ridicularizam no ar — nem entro no mérito se justa ou injustamente. Não é isso que está em debate. O que interessa é que a mesma democracia que elegeu Obama não se torna mais fraca por isso. Ao contrário: ela se fortalece. Como aqui já se disse tantas vezes, ninguém precisa de um regime de liberdades para concordar. Isso as ditaduras também asseguram.

Tenta-se, nestepaiz, criar um clima de “abafa”. Se as instituições são ainda bastante fortes — apesar deles, não por causa deles —, isso não significa que não tentem atropelá-la por meio de expedientes (i)legais e do incentivo a uma cultura da intolerância e, se permitirmos, da perseguição. E o fazem em nome da democracia. Mas quem é este sujeito secreto que vai conjugando verbos no meu texto? Ora, é evidente que me refiro aos petistas e a seus muitos, infindáveis, esbirros na imprensa e na subimprensa de aluguel.

Vocês se lembram de Ricardo Kotscho, um dos blogueiros lulistas? Ele chegou a sugerir a seus coleguinhas que procurassem saber quem eram, afinal de contas, aqueles 5% dos eleitores que consideravam  o governo Lula “ruim ou péssimo” — e inferiu que, além de não serem pessoas muito normais, freqüentam este blog. Kotscho tem a curiosidade cientifica dos petistas: vai ver gostaria de fichar a todos, quem sabe colocando-lhes uma espécie de anel de identificação, com um chip. Ou, como sugeri à época, um triângulo roxo. Ele deve estar radiante: segundo o Ibope, não são 5% coisa nenhuma! Apenas 3% disseram que o governo do Babalorixá de Banânia é ruim (1%) ou péssimo (2%). Muitos devem andar otimistas. Quem sabe, em breve, consigam dar conta de todos numa única fornada…

Pois é… Eu, além de ser leitor do Reinaldo Azevedo — faço até a revisão dos textos do cara, e escapa muita coisa!!! —, sou o próprio Reinaldo Azevedo. Sou parte dos 20% que acham o governo regular;  há coisas em que ele, sem dúvida, vai bem. À diferença do que dizem, já reconheci isso aqui. O QUE POUCA GENTE SABE É QUE, NA REVISTA PRIMEIRA LEITURA, ESCREVI TEXTOS, AINDA EM 2002, AFIRMANDO QUE LULA SEGUIRIA, OBEDIENTE, TODAS AS REGRAS DO MERCADO; NÃO FARIA NENHUMA LOUCURA. Acompanhei o desenho, digamos, “conservador” que teria seu governo mais de perto do que muita gente imagina.

Jamais antevi ou previ o Apocalipse. Ao contrário. Esculhambei um dito “intelectual” que se reuniu com banqueiros em 2002 para fazer uma espécie de terrorismo light com a possibilidade se Lula se eleger. Isso é história! Está escrito. A ironia dessa mesma história é que o tal intelectual se bandeou, depois, para o… lulismo!!! E eu continuei a ser quem era e a pensar o que pensava.

Tenho, sim, o que poderia chamar de macrodivergências com o governo Lula. A excessiva, e sempre crescente, participação do Estado na economia, de que o aparelho sindical se tornou sócio, tem óbvios reflexos da política. E é um mal para o país. Há anos aponto a existência de uma “nova classe” no Brasil, expressão que vem de Milovan Djlas, sobre quem escrevi na revista Primeira Leitura nº 23, em janeiro de 2004. Chamo essa “nova classe”, espinha dorsal do PT, de “burguesia do capital alheio”. Não tenho a ilusão — não mesmo! — de que o estado, sob um eventual governo Serra, seja menor. Acredito que possa ser mais profissionalizado, com as decisões técnicas menos atreladas à agenda política — ou, para ser mais específico, à agenda partidária. Foi sempre assim nos cargos que ele ocupou.


Mas a minha restrição aos petistas não se dá, é bom que fique claro, apenas nesse particular. O que realmente me repugna, e o verbo é esse, é o desprezo solene pelas leis e as muitas vezes em que essa gente recorreu aos instrumentos da democracia para solapá-la. Tentaram fazê-lo de maneira formal mesmo, com leis e decretos que buscavam ou buscam restringir a liberdade de imprensa, por exemplo. Até agora, foram malsucedidos. O próprio presidente parece insaciável em transgredir a ordem legal e o decoro em benefício do que já não é um projeto de poder, mas um poder consolidado. A tabula rasa que fazem do passado, brutalizando o debate, falseando a história, expropriando as pessoas e as instituições de seus feitos e méritos, bem, tudo isso e parte da construção desse poder.

E eu, recorrendo ao direito sagrado da democracia de dizer “não”, o que, para eles, é um abuso, digo “não”.

O que estará escrevendo este blog no dia 1º de janeiro de 2011? Em essência, o que vem escrevendo desde o dia 24 de junho de 2006. Vença Serra ou Dilma, os meus adversários não vão mudar, tampouco vão me “vencer”. A razão é simples: eu não disputo nada, eleições muito menos.

Ao longo destes quatro anos, foram muitas as tentativas de desqualificação. Ao longo destes quatro anos, foram muitas as calúnias. Ao longo destes quatro anos, foi grande o esforço para me isolar no nicho ora da “direita”, ora do “tucanismo”, ora do “pefelismo”, ora do “serrismo”, ora do… em suma, do inimigo que eles tivessem no momento. E o blog só cresceu, ganhou leitores, ampliou a sua influência. E sem ceder aos aiatolás do pensamento, às correntes da moda, ao fascismo politicamente correto, às polícias de consciência. E assim continuarei. Tomando-se os espadachins da reputação alheia como medida de todas as coisas, sugeriram até mesmo alinhamentos não-republicanos deste blog com a oposição. Ora, a sua própria experiência revela que, no caso da escrita a soldo, o governismo sempre paga mais. Como escrevo mais e melhor do que eles, poderia, se exercesse o seu mesmo ofício, ser mais bem-sucedido do que eles são.

Ocorre que o meu ofício se dá aqui — 14, 16, 18 horas por dia às vezes. E não o faço com obsessão messiânica, como quem imagina o fim dos tempos e pretende, na hora certa, separar os justos dos injustos, para elevar alguns ao céu e condenar outros ao inferno. Faço-o com a alegria de quem decidiu compartilhar um conjunto de convicções, de crenças, de valores e também de dúvidas. E vocês são meus interlocutores.

Que me importa se pertenço ao grupo dos 99%, dos 51% ou dos 3%? A verdade não depende do assentimento da maioria, e o grande diferencial da democracia, coisa que Ricardo Kotscho ainda não aprendeu, está no seu valor negativo: ela protege a divergência.

Sintam-se fraternalmente abraçados. Obrigado por esse convívio! Vocês me tornaram uma pessoa melhor e me ajudaram a ter mais clareza. À luta! 
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 24 de junho de 2010

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