sexta-feira, 18 de junho de 2010

Que dureza, companheiro!

Em seu périplo pela Europa, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, esteve ontem com José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia. Esses encontros estão sendo registrados por sua equipe de campanha e vão para o horário eleitoral gratuito para mostrar que ela é uma pessoa influente, poderosa, respeitada, essas coisas. E certamente assistiremos a uma Dilma fluente, que fala com desenvoltura. Publiquei ontem aqui o vídeo com sua pequena entrevista depois de conversar com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Agora vejam este, também do Jornal Nacional, depois do encontro com Barroso.


Aquele ao fundo é o deputado José Eduardo Cardozo, secretário-geral do PT.  A esfera parece tensa, não?, e Dilma está com o ar cansado,  abatido. A maquiagem não disfarça as olheiras um tanto edemaciadas.
Revejam o filme e prestem atenção ao comportamento de Cardozo. Eis o famoso “olhar de soslaio”. Quando Dilma gagueja e sofre um pouco para lembrar o nome do… do… do Banco Mundial!, o deputado passa a mão no rosto, esfrega os olhos, como a afastar o cansaço, uma idéia ruim ou as duas coisas.  Segue a transcrição da fala. Volto em seguida.

“Nós achamos que é importante a participação dos países emergentes e desenvolvidos na governança tanto do Fundo Monetário como do… do (pausa cansada)… do Banco Mundial. E também temos uma… um posicionamento claro a respeito da necessidade de cada país do mundo dar um… uma contribuição no que se refere ao crescimento econômico de todos os países do mundo”.

Continuo
Na entrevista que gravou na França, o mesmo sofrimento para dizer coisas não mais do que acacianas. Por que isso? Como expus naquele post, trata-se de um modo de pensar, de um modo de argumentar — e, começo a suspeitar, de trabalhar também. Mas não é só isso. Dilma, no fim das contas, é uma invenção de Lula. Em matéria de política eleitoral, ele é seu escultor. Ele conseguiu extraí-la da pedra bruta. Mas é difícil.
Lula disse com acerto, embora isso revele seu apreço pela democracia, que a cédula, neste ano, terá um vazio — referindo-se à ausência de seu nome. E que Dilma preenche esse vazio. Em suma: ela não existe.  E, de fato, não é do ramo, o que explica a dificuldade de dizer três ou quatro frases sem hesitação, anacolutos, tartamudez.
Dilma é a criatura criada pelo talento do doutor Victor Frankenstein, mas, à diferença do monstrengo criado por Mary Shelley,  não alimenta a ambição, por enquanto ao menos, de ter vida própria.
Na seção “Documentos” do blog, há a íntegra do discurso de Dilma na convenção do PT. Ela cita o nome de Lula 26 vezes  em outras quatro, fala apenas “presidente”; no total, 30 !!! É claro que, para ela, é um grande esforço estar nessa condição. Voltem ao filme. Observem que, ao tentar arrancar as palavras “Banco Mundial” da memória, seus olhos traduzem (aos 37 segundos) um misto de cansaço e impaciência - e Cardozo leva a mão ao rosto.
Essa a criatura eleitoral de Lula.

3 comentários:

  1. Só não entendo como alguns políticos europeus receberam uma candidata às eleições presidenciais brasileiras... [:o] Então, penso que os demais candidatos também deveriam fazer exatamente a mesma viagem, serem recebidos por exatamente os mesmos políticos e serem recepcionados e paparicados exatamente nas mesmas embaixadas e pelos mesmos funcionários públicos!...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Do site de Claudio Humberto:

    Olhai a estadista!
    Não entendi como e por que alguns políticos europeus receberam uma candidata às eleições presidenciais brasileiras... Então, penso que os demais candidatos também deveriam fazer exatamente a mesma viagem, serem recebidos por exatamente os mesmos políticos e serem recepcionados e paparicados exatamente nas mesmas embaixadas e pelos mesmos funcionários públicos!...
    CH, Jim Pereira, Rio de Janeiro - RJ, 18/06/2010 - 10h41

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