quinta-feira, 29 de julho de 2010

Celso Amorim foi humilhado de sapatos

Augusto Nunes

“Ministro meu não vai tirar sapato para revista”, gabou-se o presidente Lula em incontáveis comícios. Sempre obcecado pela figura do antecessor, vive tentando transformar em agressão à honra nacional o episódio ocorrido em 2002, num aeroporto americano, que envolveu Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Henrique Cardoso, e outros dois chanceleres.

“Fui aos Estados Unidos num momento subsequente aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001″, repetiu pacientemente Lafer, “Havia uma legislação aplicável a todas as pessoas. Achei que era natural essa preocupação com segurança. Entendi republicanamente que não cabia o ’sabe com quem você está falando’. Não criei problemas, assim como não criaram nesta mesma ocasião o ministro das Relações Exteriores da Rússia e a ministra do Chile”.

Coisa corriqueira. Coisa intolerável, insiste Lula. Nesta terça-feira, o chanceler Celso Amorim foi impedido de entrar na Faixa de Gaza pelo governo de Israel. Há um mês, a restrição atingiu o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, mas Lula está proibido de mencionar o antecedente. Se o argumento não vale para Lafer, também não pode valer para Amorim.

O ex-chanceler ficou sem sapatos e sem motivos para constrangimentos. Amorim foi humilhado de sapatos. Só perdeu a pose e a viagem. “Tentei ir a Gaza, mas encontrei resistência”, desconversa. O que encontrou foi uma porta fechada. Para sustentar a bravata, Lula deve estar planejando o rompimento de relações diplomáticas com Israel. Ministro dele não tira sapato para revista. Nem pode ser despachado de sapatos.
Título e Texto: Augusto Nunes29-7-2010, às 17h23

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