sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Amor em tempos de Farmville

Nas últimas semanas tenho escutado muitas confidências de mulheres que encontram nas redes sociais a emoção e o desafio perdidos na rotina das suas relações.
Algumas, chamam-lhe amores platónicos ou, de forma envergonhada, simples amigos a quem confidenciam os aborrecimentos do dia-a-dia – alguém que aparentemente está sempre demasiado disponível. Outras tantas, referem-nos como alguém que, como elas, estão presos à rotina e à falta de brilho próprio das relações cansadas… E entre uma vaca ordenhada e um campo cultivado trocam sentimentos que, escondidos atrás de um monitor, ganham vida própria fantasiando um cenário quase perfeito, secreto e idealizado.
Contam-mo excitadas, poderosas por receberem atenção do outro lado, por se sentirem importantes, por voltarem a sentir-se vivas, capazes de desejar e de ser desejadas… dizem que não passa disso, da necessidade de se sentirem vivas.
Os relacionamentos virtuais são uma realidade, apesar de muitos acharem que não são uma forma de traição porque não se concretizam no corpo… (guardo para cada leitor o seu significado.)
Mas porque há sempre o outro lado, apesar da excitação, estas mulheres choram copiosamente de culpa, ou vivem aterrorizadas pelo medo de serem descobertas.

Instala-se a desconfiança, começa o “bisbilhotanço” dos perfis. Existem casos de parceiros que criam falsas identidades virtuais na tentativa de perceber o interesse das companheiras, que guardam registos de todas as suas visitas virtuais, que as obrigam a terminar com pessoas adicionadas e, num extremo, há os que num acesso de ciúmes destroem computadores e iniciam perseguições.
Porque é cada vez mais um problema dos casais, a insegurança causada pelas redes sociais, promete levar muitos às consultas.
Antes de se perderem em acusações, não será melhor e mais saudável perceber o que pode mesmo causar esta necessidade de ser escutado e o que motivou o vazio que se instalou e que precisa ser preenchido?...
É melhor reflectirmos sobre isto porque, afinal, o João pode mesmo ter entrado lá na quinta para regar as plantas… e depois?!
Vânia Beliz, sexóloga, revista "Sábado"

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