segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A Dilma de verdade


Existe a Dilma do marqueteiro João Santana, e existe a Dilma de verdade.
Existe a Dilma do cercadinho, que a protege dos jornalistas, e existe a Dilma fora dele.
Existe a Dilma com o netinho de propaganda no colo, e existe a Dilma de dedo em riste.
Informou Silvio Navarro na Folha de hoje:
“Auditorias feitas na gestão de Dilma Rousseff (PT) na Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul e na Federação de Economia e Estatística, entre 1991 e 2002, apontam favorecimento a uma empresa gaúcha que hoje recebe R$ 5 milhões da Presidência e mostram aparelhamento da máquina.
Os documentos foram desarquivados no Tribunal de Contas gaúcho a pedido da Folha. Hoje candidata à Presidência, Dilma foi secretária dos governos Alceu Collares (PDT), em sua fase “brizolista” no PDT, e Olívio Dutra (PT), quando se filiou ao PT, pré-ministério de Lula.
Em 1992, os auditores constataram que a fundação presidida por Dilma favoreceu a Meta Instituto de Pesquisas, segundo eles criada seis meses antes para vencer um contrato de R$ 1,8 milhão (valor corrigido). A empresa gaúcha foi a única a participar da concorrência devido à complexidade e falta de publicidade do edital.”
Dilma ficou brava e reagiu como se vê no vídeo abaixo. Os petistas gostaram tanto da performance que ela é exibida com gáudio em seus blogs. Vejam. Volto em seguida:




Pela ordem:
1 - Diferentemente do que diz a candidata, o jornal traz, sim, a informação que ela cobra, a saber:
“Dilma Rousseff afirmou, por meio de sua assessoria, que “não tinha nem tem ligação” com a Meta e que as irregularidades apontadas pelos auditores “foram contestadas ponto por ponto”. Segundo argumentou, o TCE gaúcho lhe “deu provimento por unanimidade”. Sobre as nomeações, disse que, “desde sua criação, sem quadro próprio adequado às suas necessidades, a secretaria funcionou basicamente com assessorias, cargos em comissão, funções gratificadas e servidores cedidos por estatais”. Disse ainda que, em sua gestão, ela apresentou proposta de reformulação. “O TCE-RS aprovou todas as contas”. Atenção! Essa informação está no texto principal da reportagem, nesse outro de que reproduzo um trecho e num quadro sinóptico sobre o caso.
2 - O que Dilma não responde em seu desabafo e está na reportagem:
a - é mentira que a empresa Meta Instituto de Pesquisa, que celebrou contrato de R$ 1,8 milhão com o governo gaúcho tinha sido criada seis meses antes?;
b - é mentira que a Meta foi ou não a única empresa a participar da “concorrência” em razão da falta de publicidade do edital?;
c - é mentira que os termos da negócio feito nem chegam a constar em ata?
d - é mentira que a Meta virou uma prestadora de serviços ao PT e entes ligados ao partido, como a Fundação Perseu Abramo?;
e - é mentira que a Meta conseguiu, em 2008, um contrato de R$ 5 milhões com o governo federal para fazer “pesquisa” sobre o Bolsa Família e o… Minha Casa, Minha Vida?;
f - é mentira que, sob sua gestão na tal fundação, entre 50 e 60 funcionários (mais de 20% do quadro de pessoal)  não trabalhavam efetivamente no órgão?
É, companheiros…
O mais fascinante — aquele fascínio decorrente da estupefação — é Dilma, de frente para as câmeras, negar que o jornal tenha publicado uma informação presente não uma, não duas, mas TRÊS vezes na reportagem. E a turma que está à volta aplaude.
É evidente que a candidata não tem de gostar de reportagens consideradas negativas pra ela. Mas também é evidente que se trata de uma reação desproporcional. A questão é saber até onde é calculada. Antes que siga mais um pouco nessa trilha, chamo a atenção de vocês, com versos do petista Chico Buarque: “Olha a veia que salta/ olha a gota que falta/ pro desfecho da festa…” E o papel, coitado? Fosse o repórter Silvio Navarro…
Não há dúvida de que Dilma está tentando ser assustadora. É mais um grito de guerra contra a imprensa, numa escalada impressionante. Há uma semana, Dirceu reclamou com sindicalistas do excesso de liberdade de imprensa; ao longo da semana, Lula atacou a “mídia”, bateu no peito e declarou: “Nós somos a opinião pública”. Agora, cercada pelos seus, Dilma parece nos ameaçar com uma espécie de Alien que pulsa no lado esquerdo da fronte.
Quando o tucano José Serra — e não estou dizendo que deva fazê-lo — encrenca com a pergunta feita por uma jornalista e dá a entrevista por encerrada, surge uma penca de textos: “Oh, ele também é autoritário e não gosta da imprensa!”. Ainda que não gostasse, e daí? Às vezes, nem eu gosto. A questão é saber que mconvive e quem não convive com uma imprensa livre; a questão é saber quem se organiza para censurá-la e quem atua em favor de sua liberdade; a questão é saber quem tem um projeto PRONTO para controlar os meios de comunicação e quem DEFENDE A CONSTITUIÇÃO. Não se trata de fazer uma crônica de estilos, mas uma análise das opções políticas.
O que os petistas nos dizem com o conjunto da obra? “Um dia, nós vamos pegar vocês, e está mais perto do que vocês pensam”.
OLHA A VEIA QUE SALTA, OLHA A GOTA QUE  FALTA PRO DESFECHO DA FESTA!
Reinaldo Azevedo


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