terça-feira, 28 de setembro de 2010

O lado bom da fofoca

Por que falar da vida alheia reforça os laços sociais e até aumenta a autoestima


João Loes
Como se já não existissem desculpas suficientes para justificar aquela pausa diária para falar da vida alheia, um estudo conduzido pela Universidade Staffordshire, na Inglaterra, acaba de oficializar mais uma. De acordo com um levantamento feito pela instituição, fofocar faz bem. Explica-se: o mexerico pressupõe a existência de vínculos sociais entre quem compartilha a informação. Além de confirmar a existência dessas relações, ele reforça os laços de confiança entre os “praticantes”. “O mexerico sempre foi malvisto”, disse à ISTOÉ a psicóloga Jennifer Cole, que conduziu o estudo com a colega Hannah Scrivener e apresentou os resultados na conferência da British Psychological Society, na Universidade de Winchester. “Mas descobrimos que ele tem esse lado positivo”, defende.
Embora óbvios, os limites da fofoca nem sempre são respeitados. São muitos, por exemplo, os que desperdiçam essa ferramenta social por recorrerem demais a ela. É que, enquanto o mexerico ocasional tem grande potencial de fazer bem para o fofoqueiro, o insistente e ininterrupto, feito por quem só fala da vida dos outros, pode ser socialmente devastador. “O truque é escolher bem com quem você vai partilhar a vida alheia e, fundamentalmente, não exagerar”, diz Cole.
O bom senso, portanto, pode fazer do infame disse-me-disse, mesmo sendo ele negativo, uma benção social. Quem, por outro lado, escolher fazer a fofoca positiva, ou seja, dar uma boa notícia sobre outra pessoa, pode ganhar duas vezes. O estudo inglês mostrou que ela não só reforça os laços sociais, como aumenta a autoestima de quem espalha a boa notícia, ainda que por um curto período de tempo imediatamente posterior ao ato. A lógica é simples – falar mal dos outros, por mais prazeroso que isso possa parecer no momento do deboche, deixa um rastro de rancor em quem falou. Já falar bem, não tem contra-indicações. O difícil vai ser convencer os adeptos da fofoca negativa a gastar pelo menos alguns dos minutos diários dedicados à prática – do total de 76 minutos por parte dos homens e 52 minutos por parte das mulheres, segundo a instituição de pesquisas inglesa OnePoll – para falar das conquistas alheias.
João Loes, Revista IstoÉ, 29-09-2010

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