segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"Time" impedida de circular em Portugal em 1946

A famosa e mundialmente conhecida revista norte-americana "Time" raras vezes se interessou por Portugal. A actualidade portuguesa só fez capa na "Time" duas vezes durante o século XX: na edição de 4 de Maio de 1974, com um desenho do General Spínola, e a 22 de Julho de 1946, com um desenho de Salazar - uma reportagem da qual o Regime não gostou.
A reportagem da "Time" sobre o Estado Novo no final da 2.ª Guerra Mundial fez história. A capa era negra, com o rosto de Salazar e, ao lado, uma maçã podre. A legenda dizia «Portugal é Salazar, o decano dos ditadores». Lá dentro, num longo artigo redigido em tom sempre paternalista, o jornalista americano autor da reportagem falava de uma “terra melancólica”, habitada por gente “empobrecida, confusa e amedrontada”.
Salazar aparecia como um “modelo de rectidão” pessoal, mas também, enquanto político, como um símbolo vivo e já envelhecido da velha máxima de que “o poder absoluto tende a corromper absolutamente”. O artigo dava ainda largo relevo à “política sinuosa” do Estado Novo durante a Guerra, através da qual o regime conseguira, no fim, a compreensão, se não mesmo a aprovação, de muitos.
Desde 1936 que nenhuma revista ou jornal estrangeiro podia circular em Portugal sem autorização dos serviços de censura. A "Time" era uma revista conceituada e, por isso, a censura não impediu a venda deste número. Mas quando Salazar e a elite do regime o leram, não gostaram. Por causa deste artigo, a "Time" foi impedida de circular em Portugal durante seis anos, até 1952.
Rádio Rensacença

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