O insuportável bullying do júri do ‘Ídolos’

Júri de "Ídolos" (em sentido horário, da imagem no lado esquerdo inferior): Pedro Boucherie Mendes,  Laurent Filipe, Roberta Medina e Manuel Moura dos Santos

Isabel Stilwell

Não há nada mais insuportável do que assistir à prepotência, ainda para mais mascarada de entretenimento. É o que sinto sempre que me deparo com o júri do Ídolos, três senhores e uma senhora que se comportam como se o cargo lhes permitisse (ou mesmo obrigasse) a serem malcriados e arrogantes, tanto mais perfeitos no desempenho do seu papel quanto mais conseguirem humilhar os participantes que têm à frente.

«Só és alguém se eu quiser», «Tu não és cantor, não és nada», «Vai-te embora e não voltes a aparecer», são o estilo de comentários que proferem perante o divertimento da assistência e, presume-se do produtor do programa, e eventualmente do telespectador que, lá em casa, tem assim uma oportunidade de se ‘vingar’ dos que tiveram a presunção de ali ir enquanto ele não saiu do sofá.

Pouco importa se os concorrentes ‘já estão à espera’ de serem assim tratados, porque o que faz mal e irrita é que passe a imagem de que quando ‘se é alguém’, atribu-to reconhecido por princípio a quem julga, é aceitável e até expectável ser mal educado e prepotente. Como se a televisão, com a força que tem, legitimasse uma forma de exercício ‘à tropa’, em que quem sobe um degrau tem o direito de espezinhar o que está no degrau abaixo.

E não vale a pena dizer que me falta sentido de humor, porque de facto não acho graça ao bullying legitimado (sim, o que acontece naquele palco é exactamente o mesmo que se passa no recreio da escola, e que tanto choca), nem que este é o mo-delo do programa, porque o júri dos Ídolos americano embora duro, tem um tom completamente diferente, tanto quando critica, como quando louva. O que, por sua vez, leva a concorrentes com mais qualidade, provavelmente porque não temem que a sua passagem pelo concurso arruíne de vez o seu “nome”, já para não falar na sua auto-estima. 
Tíitulo, Imagem e Texto: Isabel Stilwell, Destak, 25-10-2010