sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A agressividade que compensa


Espetáculos em Pongyang, Coreia do Norte


Há uma diferença entre realizar testes nucleares no Mar do Japão sem vítimas ou feridos e atingir mortal e deliberadamente populações vizinhas. Quem defende a estratégia de acomodação regional a Pyongyang, após os ataques à ilha sul-coreana de Yeonpyeong, deve reconhecer os falhanços dessa abordagem. Aqueles que a têm intercalado com uma política de isolamento, só contribuíram para aumentar o desconhecimento do seu poder nuclear e de brechas internas passíveis de ser aproveitadas. Nisto, como em quase tudo, a China é peça-chave: não quer a implosão do regime por temer a reunificação da península e um êxodo em massa para dentro das suas fronteiras, mas vai continuar a domar a besta se quer travar os treinos militares norte-americanos e o eventual aumento das suas tropas na região. A Coreia do Norte continua a sua caminhada provocatória para garantir três objectivos: uma transferência de poder interna com mobilização militar total; ajuda externa que trave a fome e a pobreza abundantes; um estatuto negocial bilateral com os EUA nas conversações sobre o nuclear. O mais provável é que consiga tudo isto, mostrando os sucessivos falhanços da "comunidade internacional" e demonstrando que a agressividade continua a compensar.
Bernardo Pires de Lima, Investigador universitário, Diário de Notícias, 25-11-2010

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