Em 28 de fevereiro de 1986,
acuado pela escalada da inflação, o governo do presidente José Sarney não se
limitou a cortar três zeros do cruzeiro, como fizeram quase todos os
antecessores desde os anos 50. Também aposentou a velha moeda e criou o
cruzado.
Três anos depois, ainda no governo Sarney, novamente sumiram três zeros e o cruzado foi substituído pelo cruzado novo.
Em 1990, dois meses depois da
posse, o presidente Fernando Collor repetiu o truque da troca de nome com zeros
a menos, aposentou o cruzado novo e ressuscitou o cruzeiro.
Em agosto de 1993, já com Itamar
Franco no lugar de Collor, o governo amputou três zeros do cruzeiro e criou o
cruzeiro real.
Em julho de 1994, último ano
do governo Itamar, o real nasceu no bojo do plano com o mesmo nome concebido
por uma equipe de economistas sob o comando do ministro da Fazenda, Fernando
Henrique Cardoso. Em circulação há 16 anos, a moeda continua exibindo a saúde
que faltou às versões anteriores, todas fulminadas pela inflação selvagem.
Instados a lidar com a
maldição cinquentenária, Itamar Franco e FHC dispensaram-se de lamúrias,
derrotaram o inimigo aparentemente invencível e enjaularam a inflação que
parecia indomável. Herdeiro de um país financeiramente estabilizado, Lula foi o
único presidente, além do antecessor, que não precisou encomendar à Casa da
Moeda cédulas com outro nome, zeros a menos ou zeros a mais. Desde 1994, da
menor fração à cédula de 100 reais, nada mudou.
“Recebi um país em péssima
situação”, vive mentindo Lula. “Nós assumimos um país com a inflação
descontrolada”, vive mentindo Dilma Rousseff A permanência, a longevidade e a
solidez da moeda são a prova mais contundente de que Lula, beneficiário da
herança bendita, segue espancando os fatos para expropriar de FHC a paternidade
do histórico ponto de inflexão: quem tem menos de 25 anos nem faz ideia do que
é inflação.
Em paragens menos
embrutecidas, pais-da-pátria que assassinam a verdade em público se arriscam a
ter a discurseira interrompida por chuvas de dinheiro metálico. Graças a FHC,
Lula e Dilma estão livres desse perigo: há 16 anos, os brasileiros não jogam
fora sequer moedas de 5 centavos. A julgar por seu desempenho na campanha
eleitoral de 2010, a oposição oficial nunca soube disso.
Título, Imagens e
Texto: Augusto Nunes, VEJA,
24-11-2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-