terça-feira, 23 de novembro de 2010

Retrato em preto e branco


Belisário Penna, quando jovem. Acervo da Casa de Oswaldo Cruz

Passadas as eleições, saiu de cena o país do marqueteiro João Santana, aquele em que todos gostaríamos de viver, e caímos no Brasil governado por Lula — auxiliado de perto, como não se cansou de dizer, por Dilma Rousseff, agora presidente eleita. E a crua realidade vai emergindo, especialmente na infra-estrutura e na saúde. Na sexta-feira passada, uma reportagem do jornal “Financial Times” e a divulgação de uma pesquisa feita pelo IBGE trouxe o país em branco e preto.
Aeroportos
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) esculhambou os aeropostos brasileiros, que foram motivo de reportagem no Financial Times. Giovanni Bisignani, presidente da entidade, disse ao FT que não tem visto progresso suficiente no setor no Brasil. “Para evitar uma vergonha nacional, o Brasil precisa de estrutura maior e melhor para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016″,  Bisignani.  Sobraram críticas para a estatal Infraero — uma empresa que estaria mais ocupada em garantir o empreguismo do que em resolver os problemas do setor. Sua histórica ineficiência mereceu destaque.

Pois é… Eis aí um setor que ficou sob inteira responsabilidade de Dilma. O número de passageiros saltou de 68 milhões em 2000 para 113 milhões em 2008, e a infra-estrutura aeroportuária ficou quase na mesma. O petismo preferiu, para não variar, o canto de auto-exaltação: “Levamos os pobres para os aviões”. Ainda que fosse assim, em que condições? O ministro da Defesa, Nelson Jobim, foi tomado de indignação cívica. Atacou a IATA, que estaria expressando apenas o ponto de vista das empresas, fazendo, como ele disse, “terrorismo”. Pois é…
Ontem a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ser reuniu com seis empresas para tomar medidas preventivas para tentar evitar o caos nos aeroportos no fim do ano. Uma das medidas adotadas foi a proibição de overbooking: as empresas não poderão vender mais passagens do que os assentos disponíveis. A Aeronáutica divulgou um comunicado aos pilotos afirmando que pode até mesmo proibir pequenos aviões particulares de voar nos horários de pico entre as cidades de Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília… Estudo feito pelas empresas indica que os aeroportos de 9 das 12 cidades-sede da Copa do Mundo operam já hoje acima de sua capacidade.
Saúde
Em quatro anos, entre 2005 e 2009, nada menos de 11.214 leitos para internação foram desativados no país. Os números são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Caiu também o número de internações pela primeira vez desde 1998. A taxa nacional de leitos para internação em 2009 (2,3 por mil habitantes) ficou abaixo do padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde, de 2,5 a 3 por mil habitantes. Nos países que fazem parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa média foi de 3,8 em 2007. Ah, sim: antes que Lula diga que isso se deu porque a oposição derrubou a CPMF, cumpre lembrar que seu governo ficou com o imposto de 2003 a dezembro de 2007.
Assim como os petistas muitas vezes se orgulham do caos aéreo porque seria um sinal de que pobre passou a andar de avião, José Gomes Temporão, Dilma e Lula talvez  digam que a diminuição de leitos é uma prova de que o brasileiro está saudável como nunca antes na história destepaiz
Reinaldo Azevedo

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