Aumentos: Deputados - 62%; Aposentados - 7,72%

Aumento Real só 1,58% em treze anos

Almir Papalardo

Rio de Janeiro, 12 de fevereiro de 2010. Foto: Paulo Resende

Ao encerrar-se o ano de 2010 considere-se como  o terceiro ano seguido de lutas para aposentados e pensionistas. Período que pouco ou nada conseguimos na minimização de defasagens acumuladas na aposentadoria. Defasagens estas que já ultrapassam a casa dos 61%, percentual que por estranha coincidência e ironia é igualzinho ao reajuste dos parlamentares para janeiro de 2011.

Continuaram as ferrenhas obstruções criadas pela base de apoio do governo que extrapolaram a razoabilidade, impedindo que avançássemos no intento justo e legítimo de recuperar direitos levianamente tirados. Para eles congressistas, tudo; para nós aposentados, nada!

Muitas artimanhas foram arquitetadas para impedir que projetos que nos fazem justiça tivessem pelo menos seu destino decidido em votações transparentes, como acontece com todos os outros demais projetos. O Executivo subjugando às ações do Legislativo, não permite que eles constem nem nas pautas de votação.

Conseguimos em 2010 após três anos de pressão, um mísero aumento real de 1,58% (do PIB), o primeiro e único aumento real em 13 anos,  que acrescido ao índice de 6,14% da inflação, alcançou o percentual total de 7,72%. Ainda assim inferior à correção do salário mínimo que foi de 9,67%, recebido por dois terços de aposentados. Ficamos sem entender porque até hoje são usados dois percentuais diferentes na correção dos benefícios! Porque 18 milhões de aposentados recebem a reposição da inflação mais o PIB, enquanto os outros 8 milhões só ganham a reposição da inflação, se todos os aposentados são cadastrados no mesmo regime? Que barbárie!

Afirmam todos os débeis ministros da atual equipe econômica governamental, que o aposentado não tem perdas como reclama, porque o governo cônscio de sua responsabilidade lhe restitui o que a inflação corroe.

Entretanto, impedindo-nos de receber o mesmo percentual de reajuste dado ao salário mínimo, que é a valorização da moeda circulante, perdemos o poder de compra. Exemplificando: se antes do reajuste tínhamos condições de adquirir, digamos, quatro cestas básicas, agora, que o nosso aumento não acompanhou a mesma atualização feita pelo governo, não recebeu a mesma recuperação, só temos condição de comprar três cestas básicas.

Então é isto:  a cada ano o nosso poder de compra é diminuído, condicionando-nos a aquisição de menor número de cestas. Parece contraditório não? Recuperamos as perdas da inflação ocorrida no custo das cestas, mas, em contrapartida, diminuímos o poder aquisitivo porque a nossa atualização monetária não acompanha a mesma  atualização dada a econômia pelo governo. Perdemos assim, em número de salários mínimos. 

Fomos ressarcidos quanto a perda da inflação, mas não pela correção do dinheiro que circula no mercado. É meio dificil de entender não? Para quem tem preguiça de raciocinar, o aposentado não tem perdas em seus proventos porque recebe todos os anos reajustes, como todas as demais categorias. Daí se aproveita o governo e aliados para garantir aos incautos que tivemos um aumento real (?) de 7,72%, índice que nenhum outro segmento recebeu em 2010.

Recebemos 7,72% de reajuste é verdade, mas, de aumento real só foi l,58%, enquanto vimos a maioria dos aposentados receberam 9,67%, o que evidencia a indisfarçável intenção da Previdência em nivelar todas as aposentadorias em apenas 01 salário mínimo, não se incomodando agora se as nossas contribuições mensais eram maiores durante 35 anos ou mais. Quanta deslealdade praticada contra ex-trabalhadores idosos (!?!) Quanta falta de competência!

Para o ano de 2011 o Congresso ganhará um grande contingente de novos parlamentares, tanto o Senado como a Câmara. Vamos torcer para que os novos senadores e deputados a serem empossados, tenham uma visão mais ampla, que prezem mais seus mandatos, que sejam mais sensíveis reconhecendo direitos de velhos aposentados e, unidos aos parlamentares já empossados, formem uma equipe numerosa, com força suficiente para acabar com tamanha perversidade que vem ocorrendo desde 1999, quando insensatamente aprovaram o desvínculo do reajuste do aposentado ao reajuste do salário mínimo.

Para todos os cidadãos, que o Ano Novo de 2011 seja repleto de realizações, paz, saúde e felicidade.

Almir Papalardo, 27-12-2010