quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Estado somos todos nós

A grande operação policial em farmácias e armazéns distribuidores de medicamentos dá seguimento a mais um conjunto de indícios detectados pelo Ministério da Saúde da existência de uma fraude maciça com medicamentos pagos pelos impostos de todos a 100%. Uma e outra vez, em Portugal confirma-se a existência de níveis muito altos de uso fraudulento dos mais variados subsídios e programas de apoio social.
Neste país, quando se fala do Estado, fala-se sempre em "eles". "Eles" fizeram (ou não) isto ou aquilo, "eles" deviam agir de forma diferente, etc. Meio século de ditadura não será alheio a esta distância entre a sociedade civil e o Estado. Há ainda demasiados cidadãos que não tiram todas as consequências do facto de o Estado sermos "nós", e não "eles". Os decisores políticos são por "nós", cidadãos, eleitos para gerirem o "nosso" dinheiro, disponibilizado para servir o bem de toda a comunidade. Um contrato social sólido pode ser alcançado com maior ou menor nível de carga fiscal e contributiva. Mas entre a cidadania e a acção estatal têm de existir, de parte a parte, clareza e rectidão na prossecução de direitos e deveres.
A questão está amplamente estudada: no modelo social nórdico, a carga fiscal é a mais alta no planeta. Mas, em contrapartida, os cidadãos gozam dos melhores serviços públicos e vivem nas sociedades mais igualitárias. É uma desonra tentar ludibriar o Estado - quer fugindo aos impostos, quer auferindo apoios indevidos. O resultado global é que todos ganham com isso: o Estado social de modelo nórdico é o mais eficiente e o mais equitativo de todos.
Reforçar as regras justas da nossa convivência passa por uma maior exigência de resultados a quem gere os dinheiros públicos, mas seguramente, em igual medida, uma acrescida sanção moral contra quem tenta abusar do Estado. Porque o Estado somos, mesmo, todos nós.

Editorial, Diário de Notícias, 27-01-2011

Sim, concordo. O Estado (a Nação, a Pátria) somos nós, todos nós. Assim como os políticos. Somos nós que os parimos. Portanto, não procede essa batida "indignação" de que eles, os políticos, não prestam...
Abraços./-

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