sexta-feira, 25 de março de 2011

Efeito dominó desaba sobre ditadores

José Cândido de Castro
Meus amigos aposentados, pensionistas e trabalhadores da ativa do Brasil:
Todos nós sabemos de sobra, o que seja o efeito DOMINÓ. Consiste no apoio seguido de uma pedra sobre outra. Caso se rompa este apoio de apenas uma pedra, será o suficiente para que todas as demais venham abaixo em cadeia inapelavelmente. Todos os ditadores do mundo se
escoram um no outro, formando esta corrente, tão frágil quanto sua aparência de poderosa. Basta um peteleco, um sopro de autêntica cidadania no primeiro para desencadear o deslizamento e o esfacelamento do lixo em que se apóiam os outros. Voltemos os olhos para o dia de ontem, para o Egito e observemos o que por lá aconteceu. Rompeu-se o aparente e frágil equilíbrio em que se apoiava o dominó dos ditadores e formou-se a avalanche que já atinge a cabeça de Kadafi, quarentão como ditador da Líbia e se alastra, como ameaça real, para uma dezena ou mais de outros países.
Aqui, na América Latina e alhures, em fase de gestação, vão se avolumando os fantasmas de novos títeres candidatos certos para engrossar a cadeia de domínio dos ditadores. A história, com sua magia de mestra da vida continua se repetindo e transmitindo preciosos ensinamentos na paginação da cartilha dos sábios. Os imperadores romanos da época do paganismo, quase todos ditadores e tiranos violentos, dos quais nada mais resta do que cinzas ou menos que cinzas, descobriram, um dia, que a violência, como arma de combate ao cristianismo havia, não só fracassado, como fortalecera e arraigara mais na alma dos fiéis a fé que os fortalecia e sustentava. Um destes imperadores resolveu mudar de tática. Em vez da espada preferiu as blandícies, a bajulação, a falsa amizade na tentativa de tapar a boca dos cristãos, obtendo assim, a liberdade de ação para incutir o erro e a aceitação de suas vontades como sistema de governo a ser implantado no país. Tal astúcia, porém foi rejeitada pelos cristãos como vômito indigesto de tais embusteiros. Este vômito é o mesmo sobre o qual se volta agora o governo brasileiro com o mesmo intento de iludir e enganar os cidadãos de menos habilidade em distinguir o lobo do cordeiro.

Agora não é mais de tocaia, empunhando a metralhadora barulhenta, à sombra da floresta, que se busca arrebatar o poder, mas, com o mensalão, com a barganha de favores, com a facilidade para a mais desenfreada roubalheira, com a complacência de um congresso que só funciona para aprovar aumentos vergonhosos de seus vencimentos e com a mais atraente e cativante das blandícies, a bolsa família, carro chefe de todas as demais bolsas, que garante barriga cheia e o tempo para a mais serena vadiagem, sem trabalho e sem qualquer tipo de responsabilidade social, inclusive, de freqüentar a escola para educar-se e viver com dignidade como ser racional e não como máquina de digerir cerveja, de mascar crack e contaminar a atmosfera com todo tipo de fumaça e de vapores emitidos pelas drogas contrabandeadas para o Brasil pelo ditador das planícies bolivianas. A ONU acaba de anunciar ao mundo todo que o Brasil ocupa o último lugar no mundo em educação, mas investe no estômago dos brasileiros para sustentar a ilusão de que a bolsa família substituirá os livros e colocará o estômago no lugar da inteligência com a missão de bússola a nos apontar para nosso verdadeiro destino, ou seja, de seres racionais e não de irracionais, de barriga cheia a caminho da morte definitiva e sem casa até para colocar seus restos mortais. Com efeito, a famosa MINHA CASA MINHA VIDA verdadeiro embuste eleitoreiro, não precisou de três meses para se converter em MINHA CASA MEU CAIXÃO. O ministro da fazenda, o mesmo que garantiu a existência dos recursos financeiros para construir a tal CASA, em época de propaganda eleitoral, vem agora, com a cara mais lavada do mundo porque não recorre nem à plástica para maquiar tamanho mau jeito, anunciar que irá cortar do orçamento da república não sei quantos bilhões, inclusive dos destinados a programa da casa própria, anunciados na campanha eleitoral com o fito de enganar os eleitores e preparar a cova onde seriam sepultados milhões de ilusões de brasileiros que, com tanta ingenuidade, continuam acreditando nas megalomanias de quem afirmou perante o senado que mentiu, e com muito prazer, continuará mentindo profissionalmente, porque o povo de barriga cheia e de cabeça vazia, gosta de acreditar em mentiras, gosta de ficar à-toa, na ociosidade, nem que seja para continuar morando num rancho de pau a pique, dependurado numa ribanceira e à espera do primeiro deslizamento que o conduza, com a família e tudo, para a profundeza dos oceanos, mas com a barriga cheia de ilusões da bolsa família.
Soa bem aos ouvidos dos incautos o ruído da tesoura capando o eleitoreiro orçamento da União a fim de que não multiplique ainda mais os desastrados efeitos que já despejou sobre a economia popular. O fantasma da inflação já mostra sua cara de ladrão roubando da mesa do brasileiro até o arroz e o feijão de cada dia e, daqui a pouco, até a messiânica bolsa família se esvaziará. A casa própria já escorregou ladeira abaixo. A castração do orçamento da União só está poupando uma das glândulas da fertilidade, aquela que garante a reprodução dos ditadores e dos ladrões. Esta continua fértil e tratada a pão-de-ló, bem longe do alcance do bisturi da justiça e do direito. A outra glândula, aquela que responderia pela fecundidade do bem-estar popular já foi extirpada do organismo social e atirada aos afiados dentes dos cães do egoísmo.
Enquanto isto, entre nós brasileiros, a quase cinqüenta anos, cada ano à luz de uma nova faceta, vem se pregando a FRATERNIDADE. Que fraternidade é esta que estaríamos recolhendo desta pregação? Com todo respeito devido à boa intenção de nosso Episcopado, permitam-me os senhores Bispos que lhe formulemos a seguinte pergunta: Em todo este tempo vivido e percorrido, nós progredimos ou recuamos no exercício da fraternidade? Da palavra latina FRATER – irmão em português surge a palavra fraternidade em seu autêntico significado: IRMANDADE. Extrapolando o ambiente familiar da consangüinidade, onde, a palavra irmão vai perdendo seu autêntico sentido e cedendo ao egoísmo o comando das ações, enquanto nós alongando nosso olhar ao universo humano, a quem poderemos descobrir como irmão? A quem, por exemplo, os aposentados, os pensionistas e os trabalhadores, em geral, na presente sociedade, podem reconhecer e ter como irmãos, se são sistematicamente ignorados até pela campanha da fraternidade? Como poderão, sem o clássico e hipócrita farisaísmo, chamar alguém de irmão quando, na prática, são eles tidos e tratados como os grandes e eternos excluídos, já não digo, da ajuda fraterna, da fração do pão, de seus legítimos direitos e da mais elementar prática da justiça?
AMAR O PRÓXIMO COMO A SI MESMO. Este deveria ser o conteúdo ontológico da Fraternidade, o amor como norma absoluta de nossas ações. Diógenes cínico e filósofo grego desprezava a humanidade e por isto vivia só, dentro de um tonel, de lanterna acesa na mão, ao meio dia, à procura de um homem e, a Alexandre que lhe perguntou se precisava de alguma coisa respondeu que sim, que ele se retirasse da frente do sol que o aquecia. Nós homens, em pleno século vinte e um da era cristã, repetimos o mesmo gesto do pagão Diógenes. Trancados no tonel de nosso egoísmo, estamos à procura do IRMÃO, mas, nunca o encontramos porque, dentro da visão de nosso tonel só há lugar para um, para mim, para o raio de sol que me aquece e para a fatia de pão que sustenta minha vida. Somos cínicos quando falamos pela campanha da fraternidade, em abrigar dois num espaço que somente comporta um, eu, o casulo bem blindado do egoísmo, o caramujo que se retrai ao menor sinal de perigo para sua exclusividade.
Eis porque, meus amigos, nós da presente geração, orientamos nossas lentes de observação para um fenômeno que nos surpreende. Boa parte de nossa sociedade está saindo de encontro aos irracionais à procura do carinho e da afeição que não descobre mais entre seus semelhantes. E o que representa mais, estes animaizinhos estão correspondendo a este carinho. Ultimamente participei do enterramento de um deles que, quando vivo, chorava e gemia de felicidade em companhia de seu dono. Bendito seja Deus que reúne tanta sabedoria, tanto amor em suas criaturas para que este amor nunca falte, seja no desabrochar de uma flor ou no zumbir dos insetos.
José Cândido de Castro
Março de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-