sábado, 23 de abril de 2011

José Sócrates: o pastor da IURD

No congresso do PS em Matosinhos, José Sócrates deu imensas «garantias» sobre variadíssimas coisas. E fê-lo cheio de convicção, como se acreditasse no que dizia. E os que o escutavam pareciam também acreditar.

Não seria aquele o mesmo homem que, dois dias antes de pedir ajuda externa, afirmava que Portugal não precisaria de fazer nenhum empréstimo ao estrangeiro?

Em Matosinhos, Sócrates proclamou também que o PS vai salvar o país da crise em que a «irresponsabilidade da oposição» o mergulhou.

E atacava o comportamento do PSD, enfatizando: «Nós não vamos deixar que se esqueça o passado». E dizia isto sem se rir. Como se não fosse o mesmo homem que chefiou o Governo durante os últimos seis anos. Sócrates dirá estas coisas com convicção ou com calculado cinismo? Fá-lo-á inconscientemente ou terá plena consciência do que está a fazer? Estará alucinado ou será um propagandista bem ciente do seu papel? O caso é grave.

Ao assistir ao que se passava naquele salão de Matosinhos, eu interrogava-me: o PS não corre o risco de ser empurrado para uma aventura por um homem obcecado, megalómano e ansioso por uma revanche? Aquele ambiente de hiper-excitação e glorificação acéfala do líder não será o prenúncio do fim? 

SERÁ que no PS está tudo bom da cabeça?
Será que o PS se esqueceu de que, nos últimos 15 anos, esteve 12 no poder?
E de que valem as garantias de alguém que, por isto ou por aquilo, não cumpriu quase nenhuma das promessas que fez?

As suas promessas foram caindo uma a uma: a baixa dos impostos, o crescimento da economia, as grandes obras públicas, a diminuição do desemprego, a criação de 150 mil novos postos de trabalho, a redução do défice, etc., etc.

As raras promessas que Sócrates cumpriu foram as mais fáceis: a despenalização do aborto e o casamento dos homossexuais.

Percebe-se que as pessoas continuem a apreciar a sua energia, a sua combatividade, a sua resistência, o seu jeito para virar as culpas contra os adversários, o seu talento de vendedor, até o seu cinismo; mas depois de todas as cambalhotas a que assistimos, alguém de boa-fé poderá ainda acreditar nas suas garantias ?

De há três anos para cá, José Sócrates perdeu a capacidade de se antecipar aos acontecimentos - e passou a correr como um louco atrás deles.

Começou a tentar tapar com medidas avulsas os buracos que iam surgindo.
E, através de uma propaganda agressiva e dispendiosa, tentou criar uma realidade artificial.
Mas a realidade acaba sempre por se impor - e o Governo viu-se forçado a lançar mão de sucessivos PECs.

Sentia-se que o país escorregava num plano inclinado do qual não conseguia sair.

Por essa razão, muita gente sentiu-se aliviada com o pedido de ajuda externa: era preciso interromper aquela correria sem fim à vista. Agora, o líder socialista continua a correr desvairadamente atrás de uma quimera. Recauchutado, apresenta-se como novo às eleições.

Na história que conta, tudo corria bem em Portugal - até que a oposição, num acto irresponsável, lançou o país na desgraça.

E os socialistas fingem acreditar, porque é o que querem ouvir.

No discurso final do Congresso, quando se esperava uma intervenção cautelosa chamando os portugueses à realidade, abrindo as portas a futuros compromissos, preparando o país para as dificuldades que aí vêm, Sócrates não resistiu a ser ele próprio: fanfarrão, glorificando a sua governação, espadeirando à direita e à esquerda, prometendo mundos e fundos.

Sócrates não parecia um candidato a primeiro-ministro: parecia o pastor de uma igreja evangélica.
E o Congresso do PS não parecia o Congresso de um partido político: parecia um encontro da IURD.

Jaime Gama foi o único que mostrou lucidez.
O resto dos socialistas quer continuar a viver no reino da ilusão.
Texto: José António Saraiva, SOL, 15-04-2011
Edição: JP
Templo da IURD, Vera Cruz, México

2 comentários:

  1. Porque você falou no nome da IURD? Não acha desrespeito para com os crentes? Eu acho! Porque nunca ninguém na IURD compara manifestações, congressos ou outras coisas com os cultos da igreja católica ou até mesmo da igreja mundial!

    Cátia Matos

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  2. Quem falou no nome da IURD foi o autor do título e texto do artigo.
    Cumprimentos./-

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