quarta-feira, 25 de maio de 2011

Nação perdida

Peter Wilm Rosenfeld
Parece estranha a afirmativa acima. Qual nação? Perdida como? Por quê?
Analisemos os acontecimentos dos últimos meses, desde a posse da Sra. Rousseff na Presidência, e vejamos se algo faz sentido.
Começando pela própria cerimônia de posse, para a qual é convidada uma contraventora sabida, destituída da chefia da Casa Civil pelas ações ilícitas de sua família, as quais conhecia e até devia coordenar. Na já referida cerimônia, trocou carinhosos beijinhos com a recém-empossada Presidente da República quando, na realidade, deveria estar atrás das grades.
Continuando, a Presidente mantém no Ministério pessoas que notoriamente se houveram muito mal no governo anterior, causando enormes prejuízos ao País, já que as suas ações prejudicaram milhares de pessoas.
Refiro-me, como todos já devem saber ao Sr. Fernando Haddad, da pasta da Educação (?). Os episódios havidos com o ENEM, em dois anos seguidos, causaram prejuízos vários: prejudicaram milhares de jovens, custaram caríssimo aos cofres públicos e nenhuma medida corretiva foi tomada.
Como se isso não bastasse, apóia e aprova a distribuição de um livro (“Por uma vida melhor”), escrito a peso de ouro por uma Senhora Helena Ramos (R$700.000,00 foram-lhe pagos), que ensina, afirma, prega, que o certo é falar errado; que concordâncias e a grafia correta são coisas que já não mais têm qualquer importância (nóis pega os peixe é o carro-chefe desse novo idioma), e o livro é distribuído para 475 mil estudantes (creio que esse foi o número mencionado).

E o mesmo ministro, imperialmente, mantém seu triste apoio a essa barbaridade, fazendo ouvidos moucos a todas as manifestações contrárias a esse (des) ensino.
Na pasta das Relações Exteriores, o ex-Ministro Celso Amorim teve o desplante de mandar emitir passaportes diplomáticos para sete familiares do ex-Presidente da Silva (filhos e netos) dois dias antes do término de seu mandato, atendendo a um ”interesse nacional” desconhecido de todos. Isso levou o Ministério Público a determinar que ditos passaportes fossem recolhidos; o novo Ministro Antonio Patriota nada faz; ao contrário, expressamente afirma que não cumprirá a determinação do MP.
Em outro episódio recentíssimo, o Ministro das Relações Exteriores da Suécia (ou outra autoridade graduada da Suécia), em visita ao Brasil, foi convidado para um almoço formal no Itamaraty.
Qual não foi sua surpresa ao pontualmente chegar para o almoço, e não encontrar ninguém, nem um bedel, para recepcioná-lo?
Como se costuma dizer em outros contextos, “já não mais se fazem diplomatas como antigamente!”! Coitada da alma do Barão de Rio Branco!
E agora a “pièce de resistance” do Ministério, sem demérito de vários outros ministros que ainda não disseram a que vieram: o Ministro-Chefe da Casa Civil, Sr. Antonio Palocci, considerado o mais importante membro do ministério.
Sempre soube que uma das missões do Chefe da Casa Civil (antigamente não tinha ”status” de Ministro, mas a importância era a mesma) era a de aplainar a tarefa da Presidência, discutindo os assuntos com os ministros antes de despacharem com o Presidente.
Parece que as coisas se inverteram: agora é a Sra. Rousseff que tem que acalmar a “platéia”, pois o Sr. Palocci se tornou um prato cheio para o País inteiro.
Afinal de contas, não é qualquer consultor (com a possível exceção do Sr. José Dirceu...) que consegue faturar tão alto quanto o Sr. Palocci em tão pouco tempo. E, pelo que se sabe, o grosso desse faturamento foi obtido nos meses imediatamente anteriores a sua posse como Ministro-Chefe da Casa Civil.
Esse assunto é passivel de comparação com duas outras situações: a do ex-Ministro Mailson da Nóbrega e a do caseiro Francenildo.
O Sr. Mailson da Nóbrega é sócio de uma das empresas de consultoria mais conceituadas do Brasil, desde que deixou o ministério no governo Sarney. Com toda a certeza posso afirmar que jamais faturou valores que se aproximem de longe do montante que o Sr. Palocci teria faturado.
O Sr. Francenildo teve seu sigilo bancário violado por R$ 30 mil! Quem “pagou o pato” pela violação ilegal foi o então presidente da Caixa Econômica Federal. A atitude do Sr. Palocci, não assumindo que ele tinha sido o mandante dessa ação não depõe a favor do Ministro, que não terá seu sigilo bancário violado...
Confesso que gostaria de saber, contado talvez por um anjinho amigo, como a Sra. Rousseff está encarando esses problemas. De nada adiantaria a Sra. Presidente afirmar que apóia incondicionalmente seus ministros (os que citei e os demais, que também estão fazendo trapalhadas...).
Gostaria de conhecer o impossível: o que a Sra. Rousseff conversa com seu travesseiro.
Do que antecede e de tudo o mais que não citei, mas que está acontecendo nessa República, é que afirmo que a nação está perdida.
Tornou-se uma nau sem bússola. Como se costuma dizer em náutica, “perdemos o norte”.
Constato isso com enorme pesar.
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 25 de maio de 2011 

Foto: DR

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