quarta-feira, 8 de junho de 2011

Heróis da Liberdade!

Edmílson Martins de Oliveira

Antônio Frederico de Castro Alves
Estes tempos de ditadura econômica, de globalização, de neoliberalismo (que tudo privatiza e diminui o Estado), da ideologia do mercado (que privilegia o capital e o lucro, com grande exclusão e marginalização social de milhões de brasileiros), nos remetem ao tempo da colonização, da exploração de nossas riquezas pelos descobridores, da escravização dos povos indígenas e dos africanos.
Mas nos lembram também os heróis de nossa pátria, os que lutaram pela liberdade, pela justiça e pela independência. E parafraseando Castro Alves, o poeta da liberdade, que, clamando contra a escravidão, pedia a Colombo que fechasse as portas dos seus mares e a Andrada que arrancasse o pendão dos ares, está na hora de dizer: “Levantai-vos heróis de nossa pátria! Tiradentes! Vem organizar outra vez a Inconfidência: “Tal hora é o batizado”; Zumbi! Vem, com tua utopia e teus companheiros, organizar outro Quilombo dos Palmares; Frei Caneca, padre Mororó, Ibiapina! Venham organizar outra Confederação do Equador; Cavaleiro da Esperança! Vem organizar outra coluna para clamar pela liberdade e independência de nosso país; D. Hélder Câmara - profeta da paz e da não-violência - ! Vem dizer tudo outra vez; Alceu de Amoroso Lima, Sobral Pinto, Luiz Maranhão - incansáveis defensores da liberdade -! Voltem! Drummond! Volte, com sua poesia libertadora, nascida do seu vasto e livre coração: “Mundo, mundo, vasto mundo... mais vasto é o meu coração”. Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga! Voltem, com o seu canto/lamento/protesto que vai fundo aos sentimentos humanos de liberdade: “Quando oiei a terra ardendo... “Eu perguntei, ai a Deus do céu, ai por que tamanha judiação”. Ou “Mas doutô uma esmolas a um homem que é são/ ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

Zumbi dos Palmares
Enfim, que voltem todos os nossos antepassados que lutaram pela construção e liberdade de nosso país. Líderes operários, poetas populares, artistas, jornalistas, escritores, homens e mulheres do povo! Voltem. Socorro! A opressão do capitalismo neoliberal está esmagadora, sufocando a nossa memória, impedindo o surgimento de novos valores, escondendo às novas gerações os valores do passado, impondo falsos valores do presente.
Os valores perenes da nossa tradição histórica, cultural, política, construídos, com muita luta, por nossos antepassados estão sendo substituídos por valores medíocres, descartáveis, sem futuro. A política de qualidade acabou, os políticos éticos e combativos são raros, a cultura, a arte popular, os costumes, os valores que sempre contribuíram para o engrandecimento de nosso povo estão desaparecendo, usurpados pelo dragão da maldade.
Voltem, heróis, ajudem os poucos combatentes que hoje resistem, a duras penas, para salvar a memória do nosso país e a dignidade de nossa gente. Pois são poucos os que tentam escapar da grande tribulação, das garras do dragão, do esmagador rolo compressor da ganância capitalista.
Disse Bertolt Brecht: “Triste um povo que precisa de heróis”. Tudo bem. Mas o nosso povo precisa da ajuda dos seus heróis para se tornar livre da necessidade de heróis.
Joaquim José da Silva Xavier,
"Tiradentes"
Os que hoje resistem tentam fazer o que fazia o velho timbira, do poema de Gonçalves Dias, que animava os jovens da tribo, lembrando a memória dos seus antepassados, a bravura dos seus guerreiros, as lutas e glórias do seu povo: “Um velho timbira, coberto de glória,/Guardou a memória/Do moço guerreiro, do velho tupi! E a noite, nas tabas, se alguém duvidava/Do que ele contava, dizia prudente:- “Meninos, eu vi”.
É isso. Ao invocarmos os nossos combatentes do passado, queremos dizer que eles estão presentes entre nós, porque a causa que eles defenderam é a nossa causa, a luta que eles empreenderam é a nossa luta. Eles lutaram pela liberdade e foram incansáveis. E estão presentes quando neles nos inspiramos e continuamos a sua luta. Não podemos nunca permitir que apaguem a nossa memória. Um povo que não preserva sua memória e sua cultura é presa fácil dos dominadores.  
Edmílson Martins de Oliveira, junho de 2011
Enviado por Ronald Barata

2 comentários:

  1. Olá Jim. Muito obrigado pela publicação do meu texto, enviado pelo grande companheiro Ronald Barata.

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