quinta-feira, 2 de junho de 2011

No dia 5 de junho não se distraia

Num país normal, o próximo dia 5 seria o do voto punitivo, à semelhança do que aconteceu em Espanha, onde o PSOE sofreu, em todas as frentes, uma derrota estrondosa, depois de anos de governação que deixaram a Espanha no estado em que está. Foi um voto em massa no PP mas foi, sobretudo, uma rejeição fundada de uma governação incompetente e gravosa para a Espanha. Aqui, só agora a dança dos números mostra uma clara descolagem graças aos indecisos - eleitores moderados e de centro - apesar de as campanhas de passeatas, feiras e bailaricos não terem aberto espaço às ideias nem à clarificação do discurso.
Trata-se, pois, de saber a quem dar o benefício da dúvida. Nesta altura, Sócrates já não oferece dúvidas, é sobejamente conhecido após seis anos de governação em que conseguiu duplicar a dívida pública, atirou o País para a bancarrota, atrasou o processo de recuperação com PEC desajustados e incumpridos, somou 700 mil desempregados, muitos de longa duração, aumentou a pobreza e apresentou-se às eleições sem qualquer programa para além do que fez e mal, dando o dito por não dito, confundindo e mentindo.
É inadmissível que, aquando do debate televisivo entre Passos Coelho e Sócrates, este tivesse afirmado que, relativamente à taxa social única, só tivesse assumido o compromisso de estudar as hipóteses quando, na realidade, já tinha negociado com a troika, a 17 de Maio, um outro texto do acordo com novas especificações, novos prazos e novas medidas, e no qual a TSU se antecipará do terceiro trimestre de 2011 para o final de Julho. É indecente que se tenha acalorado com os co-pagamentos em saúde, referidos pelo líder do PSD, quando os mesmos já constavam das novas medidas do texto de 17 de Maio tornando o SNS tendencialmente pago e não gratuito. E o mesmo se diga da indemnização por despedimento ou os pagamentos em atraso. Igualmente grave é o facto de desse segundo texto nada ter sido dito ao PSD e ao CDS e aos parceiros sociais num acto de desvalorização de uma estabilidade indispensável.

Mas não só. Gravíssima foi também a política do medo, assente em manobras persecutórias, "bufos" infiltrados entre as clientelas servis e agradecidas, milhares de incompetentes dominando os serviços públicos, uma mentalidade de "fartar vilanagem" sem entraves nem pudor algum.
No dia 5, o nosso mal maior chama-se José Sócrates. Não é o Partido Socialista, que, também ele, fará falta à governação. Para esvaziar o cenário desta personagem, é preciso infligir-lhe uma inequívoca derrota punitiva. É ele o inimigo principal e, se nada se fizer, será também o mais próximo e encarregar-se-á de criar todos os obstáculos possíveis à estabilidade e coesão necessárias.
Nesta escolha, a mudança dos indecisos pesa, e não creio, como digo, que a indecisão penda para o lado de Sócrates, personagem sobejamente conhecida, mas para Passos Coelho, o seu programa eleitoral que consubstancia uma verdadeira mudança, e a sua avaliação. É para esses eleitores que há que falar com clareza, focando-se na pertinência, oportunidade e exequibilidade das medidas, sobretudo comparativamente ao discurso pobre e matraqueante de Sócrates, ele próprio o one man show e o reportório completo.
Por fim, e em claro abono a Passos Coelho, devo dizer que é o único que fez um programa para o Portugal dos próximos anos, para além do acordo com a troika. É que há Portugal para além dos acordos, um presente, um futuro que também há que cuidar. Ali estão as bases da mudança que se impõe de forma inadiável a Portugal, um outro caminho, um outro rumo, uma expectativa fundada e coerente de mudança.
Título e Texto: Maria José Nogueira Pinto, Diário de Notícias, 02-06-2011


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