quarta-feira, 6 de julho de 2011

Compre o que é português – ou não. (Depende da Qualidade)

Criação: Koshenyk

As economias são fortes quando têm consumidores fortes e os produtos têm qualidade e quando os consumidores exigem qualidade. Agora, comprar o que é português só porque “sim” não ajuda o país
Antes de questionar porque é que não está a consumir produtos portugueses deve perguntar por que raio é que há de comprar produtos portugueses, como aconselha uma campanha que tem mobilizado vários agentes econômicos e políticos nas últimas semanas. Há a questão do patriotismo – claro que há. E da crise – é evidente. E das importações – ninguém o nega. Mas, antes de tudo, deve perguntar o que é que você ganha com isso. Se ganhar um produto melhor do que um produto estrangeiro, então siga em frente. Se não, o melhor é voltar para trás.
Consumir produtos portugueses simplesmente porque sim é uma maneira simplista de nos convencermos de que estamos a ajudar a resolver a crise. Não estamos. Estamos a ajudar a agravá-la. Ao privilegiarmos os produtos portugueses, apesar de terem menos qualidade do que os estrangeiros, estamos a fechar o País ao exterior,  estamos a reduzir a exigência dos consumidores e, consequentemente, estamos a reduzir a exigência dos produtores. Numa frase: ao não exigir que as nossas empresas sejam melhores, estamos a premiar a mediocridade.
Nenhuma economia sobrevive à custa destas campanhas. As economias são fortes quando têm consumidores fortes e os produtos têm qualidade quando os consumidores exigem qualidade. Se as empresas portuguesas não conseguirem ser melhores do que as estrangeiras, se não conseguirem produzir artigos de qualidade superior, se não conseguirem trabalhar mais e melhor, nunca conseguirão vencer, independentemente de todas as campanhas patriotas que possamos organizar. Investir nisso e não na qualidade é prolongar a agonia de uma economia em dificuldades.
Do Editorial da revista Sábado, nº 322, 16 a 22-06-2011.
Edição: JP

O texto é irrepreensível. No Brasil, ficamos muitos anos reféns dessa patriotada chamada de "reserva de mercado". Que só serviu para alimentar, vorazmente, o mercado paralelo, é, é isso mesmo, contrabando. Até uma vênus platinada se equipava usando esse mercado...

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