Tenho observado o que as
pessoas fazem com o que lhes acontece durante a vida. Desde o nascimento até à
morte todos passamos por milhares de experiências distintas, de aprendizado,
sofrimento, dor, alegria e muitas outras.
Esses acontecimentos podem até
ser parecidos, mas nem eles ou as reações de quem viveu são iguais para
ninguém. Desde o aprendizado da fala, os primeiros passos, quedas, estudos,
amizades e sentimentos, cada pessoa sente e reage de maneira diferente a tudo o
que ocorre.
Dentro de uma mesma família,
entre irmãos, tanto as reações aos acontecimentos como as lições tiradas destes
são bastante distintas. Ninguém reage da mesma forma aos ensinamentos paternos,
às brincadeiras dos amigos ou ao aprendizado da matemática, onde tudo é
imutável.
Teoricamente uma pessoa sairia
da casa de seus pais ou de uma universidade para uma vida independente, com
exatamente a mesma educação e preparo que seus irmãos ou seus colegas de turma,
mas mesmo naqueles que tiveram a mesma origem biológica ou que tiveram a mesma
formação acadêmica, as diferenças são enormes.
Nas profissões, aqueles que
entraram no mesmo dia e no mesmo setor de uma empresa certamente possuirão um
futuro diferente, sempre ligado a como reagiram a cada aprendizado e a cada
experiência vivida no trabalho.
Algumas carreiras esportivas
como futebol, natação, tênis, vôlei e todos os tipos de luta exigem bastante
fisicamente. Os pilotos de corrida e lutadores necessitam, além de muito
preparo físico, de agilidade nos reflexos e os médicos-cirurgiões precisam de
muita firmeza de movimentos.
Com o passar dos anos tanto
nossa capacidade física quanto agilidade e reflexo vão diminuindo, a capacidade
de manter o preparo físico fica menor e assim, cada uma das profissões vai
tendo que ser terminada mais cedo ou mais tarde, dependendo de sua maior ou
menor exigência.
Outras podem ser prolongadas e
até aprimoradas em decorrência da experiência adquirida durante suas práticas,
como a dos médicos-cirurgiões que operam durante muitos anos, até que suas musculaturas
fiquem frágeis e as mãos trêmulas, impedindo os movimentos mais delicados,
enquanto profissionais como os arquitetos podem continuar por ainda mais tempo.
É natural que, por melhor que
sejamos em nossas profissões, com o tempo percamos a capacidade de quebrar
recordes de natação, de correr mais durante uma partida, de vencer fisicamente
um adversário, de corrigir a derrapagem de um carro em alta velocidade ou de
movimentar um bisturi com precisão milimétrica.
Profissionais de diversas
áreas tiveram a capacidade de interromper sua carreira no auge, antes de
perderem competitividade e consequentemente serem ultrapassados, deixados para
trás ou até deixados de lado quando ainda em atividade, enquanto outros
deixaram passar esse momento e apesar de uma carreira de sucesso tiveram fins
melancólicos.
O importante é termos a
consciência de que isso só não ocorrerá se morrermos antes e procurar, quando
chegada essa hora, buscar outra atividade que possamos realizar bem e que nos
dê prazer, pois certamente teremos no mínimo a chance de contar aos mais jovens
as experiências por nós vividas, para que juntos possamos entender os motivos
de nossos erros e acertos, dando a eles a oportunidade de, se desejarem,
aprender como fazer e como não deve ser feito.
Como disse Aldous Huxley: "Experiência não é aquilo que acontece a
um homem; é o que o homem faz com aquilo que lhe acontece."
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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