sexta-feira, 8 de julho de 2011

Golpe na Grécia


Faltam poucos meses para o exército dar um golpe de estado na Grécia. As crescentes manifestações e combates nas ruas serão o pretexto para suspender a democracia e impor o estado-de-sítio. De novo na triste história moderna grega, o caos conduz à ditadura.
Naturalmente os parceiros europeus condenarão fortemente o golpe e exigirão a normalidade das instituições. Em resposta, os coronéis pedirão a saída da Grécia da moeda única e da União Europeia. Após dias de incerteza, os líderes europeus ver-se-ão forçados a clarificar a situação e aceitar o pedido.
Alguns jornais levantarão a possibilidade de a União estar feliz com a circunstância, que a livra de um parceiro incómodo sem alterar as preciosas regras comunitárias. Qualquer membro pode sempre pedir para sair do clube. Haverá mesmo quem especule que o ataque dos coronéis teve apoio secreto alemão, precisamente para criar este processo.
Entretanto Portugal, Irlanda, Espanha e Itália estarão na primeira linha da condenação do golpe, proclamando a sua indefectível adesão aos princípios europeus. Sublinharão com alarde as enormes diferenças entre os seus casos e a tragédia grega. Após semanas de instabilidade, os mercados acreditarão e as coisas normalizam.
A saída da Europa será mesmo uma tragédia para a Grécia. Com mercados fechados e sem crédito, a austeridade será súbita e brutal, como a repressão do novo regime. Passarão sete anos de miséria até que a democracia seja restaurada. Então o país apresentará uma nova candidatura de adesão à União Europeia.
João César das Neves, Destak, 06-07-2011

Foto: AFP

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