quinta-feira, 21 de julho de 2011

Keynes, o mago da inflação


Álvaro Pedreira de Cerqueira
John Maynard Keynes, março de 1946. Foto: Arquivo FMI
Em recente artigo na imprensa desta capital, um ilustre economista escreveu que Lord Keynes foi o 'maior economista deste século’. Vejamos se foi. Em 1929 havia duas correntes de pensamento econômico na Inglaterra. Uma na Universidade de Cambridge encabeçada por John Maynard Keynes, e outra na London School of Economics, liderada pelo então jovem economista Lionel Robbins. Este conhecia os trabalhos dos mestres da Escola Austríaca de Economia, fundada por Carl Menger nos anos 1870 (escola liberal clássica), tendo como seguidores Eugen von Bôhm-Bawerk, Friedrich Wieser e Ludwig von Mises, tendo estes dois sido professores de Friedrich August von Hayek (1899-1992), que receberia o prêmio Nobel de Economia de 1974.
Lionel Robins convidou F. A. Hayek para fazer palestras na London School of Economics em 1930/31, e contratou-o como professor a partir de 1932, poi sabia que Hayek seria capaz de vencer Keynes nos debates que se seguiriam pelos anos afora. Hayek teve grandes polêmicas com seu colega e amigo Lord Keynes, tendo refutado suas teorias, como a que sustentava que o Estado deveria gastar para tirar a economia da recessão, alertando-lhe de que esta era uma política inflacionária, que após uma euforia de crescimento econômico reconduziria à recessão, como acabou acontecendo após a morte de Keynes, em 1946. 
Em "O caminho da servidão", de 1944, Hayek previu que o socialismo, mesmo moderado, ou social-democracia, acabaria por minar a economia, o que de fato aconteceu. Foi preciso Margaret Thatcher assumir o governo inglês pelo Partido Conservador para reformar a economia, privatizando os dinossauros estatais, tendo também quebrado a espinha dorsal dos sindicatos predadores e desregulamentado o mercado – o que só foi possível depois de quase duas décadas de divulgação das idéias liberais pelo Institute of Economic Affairs e pelo Adam Smith Institute, ambos criados em Londres pelo empresário Antony Fisher, por sugestão do professor Hayek. 
Hoje a Inglaterra é das economias que mais crescem na Europa, com a menor taxa de desemprego e a renda média dos trabalhadores superou a dos alemães, que amargam alta taxa de desemprego em seu país como resultado da tal ‘economia “social” (sic) de mercado’, assim como os trabalhadores franceses, em conseqüência do socialismo “moderado” (os meios de produção em mãos da iniciativa privada, mas um welfare state muito pesado).

Na edição de 20/05/78, The Times, de Londres, publicou um editorial que diz:
"A republicação de uma antologia sobre os trabalhos do professor F. A. Hayek sobre a inflação e Keynes é uma oportunidade para reavaliar o impacto de um homem cuja maior influência se deu no final de sua vida. 0 terceiro quartel deste século foi descrito como "a era de Keynes", não apenas por causa da influência que ele exerceu sobre a economia e as políticas públicas, mas também, sobretudo, porque este é um tempo em que suas previsões sobre os benéficos efeitos de suas políticas pareciam estar triunfantemente justificadas.
"Em termos dos problemas econômicos que agora enfrentamos, o corrente período pode mais precisamente ser chamado "a era de Hayek". A inflação, agora, elevou-se fora de controle e ainda está muito alta.  Tentativas  de combater o desemprego pelo estímulo da demanda tornaram-se cada vez mais obviamente ineficazes. 0 professor Hayek tende a ser relacionado com a outra escola de oponentes de Keynes, geralmente descritos como monetaristas, cujo máximo expoente é o professor Friedman.(...) No âmago da discórdia do professor Hayek com Keynes está uma preocupação com os movimentos dos preços na economia, antes que o desempenho geral dos agregados.
"Na realidade, Keynes cometeu o engano de argumentar que o desemprego que ele viu nos anos 1930 foi causado por uma simples insuficiência da demanda geral, quando ele de fato foi causado pela falha dos preços relativos em ajustarem-se às cambiantes circustâncias. Tentativas de usar política monetária para solucionar este problema, incentivando o incremento da demanda, trariam como efeito exatamente o oposto do desejado. Pois, aumentando no curto prazo a demanda da economia, o governo estava atraindo cada vez mais os trabalhadores para um padrão de emprego e de salários que não seria sustentável a longo prazo. (...)
 "O que parece claro é que as advertências dos perigos para os quais uma aceitação acrítica dos ensinamentos de Keynes estavam nos expondo, conforme nos previniu o professor Hayek uns quarenta anos atrás, provaram-se corretas. Nós as tínhamos esquecido por um tempo muito longo.", concluiu The Times.
Em um artigo assinado por William H. Peterson, publicado na revista The Freeman' da Foundation for Economic Education sobre o livro 'Uma Análise das Falácias Keynesianas', (Aguilar, Madrid, 1961), de Henry Hazlitt, jornalista econômico americano, diz o articulista: "No princípio era a Lei de Say: a oferta gera a demanda. Porém esta era "a velha ciência econômica". Agora somos beneficiados pela "nova ciência econômica": a demanda cria a oferta, graças ao "novo" paradigma deslumbrante da "Teoria Geral do Emprego, os Juros e o Dinheiro", de John Maynard Keynes. Imagine você empregos para todo mundo, o tempo todo. Todos os governos centrais do mundo têm que manter a "renda nacional" ao nível do "pleno emprego". Nenhuma grande negociação.
Os encarregados da sintonia fina (Bancos Centrais) simplesmente têm que aplicar a equação de Keynes (Y=C+I+G) e assegurar que a macrodemanda sustenta adequadamente a macro oferta através da mágica "G". Na fórmula, "G" representa os gastos do governo, para o paraíso econômico e político. Então, assim como Marx era um Deus do século XIX, Keynes se converteu em um Deus do século XX.
Hazlitt, escreveu Peterson, devastou a "Nova Ciência Econômica" de Keynes, demonstrando que ela é um prognóstico de persistente inflação e recessões recorrentes, conduz a uma corrida constante entre a oferta de dinheiro e as demandas dos sindicatos, que não conduzem ao pleno emprego a longo prazo. Hazlitt previne aos keynesianos sobre os seguintes pontos:
a) eles se esquecem que a renda de todo mundo é um custo para algum outro;
b) fazem pouco caso do fato de que a causa do desemprego está nos salários excessivos;
c) e sofrem a tentação de desperdiçar o dinheiro barato e os gastos deficitários, até mesmo fora do ciclo dos negócios.
Título e Texto: Álvaro Pedreira de Cerqueira foi co-fundador e vice-presidente do Instituto Liberal de Minas Gerais. Este texto foi publicado originariamente no jornal "Estado de Minas", em 1997. 
E-mail: alvaropcerqueira@uol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-