Desde o nascimento passamos
por sensações, sentimentos e descobertas diferentes de outras pessoas. Cada um,
ao abrir seus olhos pela primeira vez, enxerga uma pessoa diferente, numa sala
com mais ou menos luz, ouvindo vozes diferentes do que sempre ouviu.
O primeiro toque sentido por
nossa pele é realizado por mãos e em locais diferentes do corpo de cada criança
que nasce. Somos erguidos de ponta cabeça e recebemos um tapa com velocidade e
intensidade distintas, dependendo da força muscular de quem nos pega e de nosso
peso.
A água com que nos dão o
primeiro banho pode estar em temperaturas diversas e sua aplicação pode ser
iniciada em locais distintos do nosso corpo. A mão que a espalha para nos
limpar é aplicada com intensidade diferente em cada um. Somos embalados por
tecidos delicados ou ásperos, grossos ou finos, coloridos ou brancos.
Todas essas sensações, dos
primeiros minutos de nossas vidas, nunca são iguais e vão deixando marcas,
sentimentos de sustos, medos, alegrias, tristezas, carências e saciedades que
aos poucos e por décadas construirão nossa personalidade, nosso humor, enfim,
nossa história.
Os primeiros anos de vida são
marcados por descobrimentos em todos os nossos sentidos e começamos a perceber
algo que será muito importante na vida, os limites. Tomamos conhecimento de que
o mundo e tudo o que nele existe não é nosso, mas de todos e algumas coisas são
de alguns e outras de propriedade individual, indivisível.
A educação dada pelos pais é
fundamental nesses primeiros anos para que possamos entender que vivemos em uma
sociedade que compartilha desse ou daquele regime político e econômico, para
não sentirmos falta daquilo que não nos pertence, mas que, em um regime
capitalista como o nosso, busquemos, com trabalho, possuir o que desejamos e ainda
não possuímos.
Na juventude as competições
esportivas ou por melhores notas, pelas jovens ou rapazes mais bonitos, vão nos
ensinando, sem a participação dos pais, o caminho para obtenções e realizações
de desejos. É nessa fase que começam a surgir as maiores diferenças, entre
aqueles que sozinhos obtém seus primeiros resultados posivivos e os outros.
Entre os que foram derrotados
num primeiro momento, podem ocorrer situações diferentes, como ser incentivados
por seus pais para lutarem mais, se prepararem melhor e vencerem na próxima
disputa ou simplesmente serem consolados em casa e seus pais compensando a
perda com um doce ou um brinquedo que desejavam.
Começam a surgir os jovens com
auto-confiança pois venceram, os que aprendem que precisam treinar e se
empenhar mais para obterem conquistas na vida e aqueles sem ambição alguma pois
foram acostumados a receberem recompensas mesmo quando perdem.
Os pais desses últimos ao
consolá-los e premiá-los de outra forma, não incentivando o preparo e a busca por
vitórias em outras oportunidades que surgirão, estão, na realidade,
prejudicando todo o futuro de seus filhos. Esses filhos não aprendem a lutar
pelo que desejam pois foram criados por pais que não se lembram que, pela ordem
natural da vida vão morrer antes deles e como os mantiveram superprotegidos,
não estarão preparados para a vida adulta.
Muitas pessoas perderam seus
pais ainda muito jovens. Não tiveram nenhum tipo de consolo ou carinho em suas
derrotas e nem por isso deixaram de ter oportunidades de vencer, tanto em uma
próxima disputa como na vida. Aliás, pessoas com algumas dificuldades logo
percebem que se não lutarem mais que os que não as possuem acabarão ficando
sempre para trás, lutam bastante e normalmente acabam vencendo.
Essa moldagem diária da vida
vai tornando cada ser humano diferente dos outros por todos esses motivos e ele
não pode ser culpado pelo que se tornou, pois é uma consequência de uma série
de fatores e acontecimentos, sentimentos, alegrias, tristezas, vitórias e
derrotas que vão nos imprimindo marcas, produzindo pessoas mais ou menos
trabalhadores, despreparados, competentes, cultas, perdedoras ou vitoriosas.
Cada pessoa possui uma história, uma razão que, se analisada,
justificará o motivo pela qual ela se tornou o que é e só entendendo isso,
aceitando-as como são, poderemos conviver melhor com o próximo.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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