domingo, 31 de julho de 2011

O Palestrante, a ESG e Jonathan Swift

Foto: Marino Azevedo/JB

Valmir Fonseca Azevedo Pereira
O célebre romance do escritor irlandês Jonathan Swift, “As viagens de Gulliver”, e também um clássico da literatura inglesa, é uma tremenda sátira à época, que aborda outras passagens além do Gulliver entre os liliputianos, e que se tornou a coqueluche dos contos e filmes infantis, contêm outras interessantes estórias pouco conhecidas.
Lembraremos de uma. Aquela em que os cidadãos absortos em seus próprios pensamentos, dedicados ao estudo de problemas insolúveis, procurando mergulhar no amago do seu cérebro, olham fixamente para a ponta do próprio nariz.
E ficam, entretidos no seu hábito, definitivamente, estrábicos.
Semelhante costume, levado aos extremos, desvirtuou-lhes a visão, e para evitar as colisões entre si e com os mobiliários, passam a andar portando na mão uma extensa vara com uma bola na ponta. Parece que uma bexiga de vaca. Assim, semi-cegos vão batendo sua vara bexigosa nos outros e nos objetos, procurando evitar alguma desastrada trombada. Mas deixemos de divagações, e passemos ao nosso comentário.
Muitos alegam que a Escola Superior de Guerra (ESG) está ultrapassada. Seria a hora, sob a égide de uma nova visão social, de injetar modernidade e reflexão àquela casa de profunda meditação.
A ponta de lança foi o Stédile, como não saiu sangue, após o plantio da viçosa semente que germinou no coração de importantes e influentes esguiamos, nada melhor do que convidar um mestre para sacudir o lauto e letrado auditório com lições e verdades surpreendentes.
Esperamos que, após o evento, professores e alunos/estagiários, literalmente, caminhem embevecidos como se andassem nas nuvens.
E pasmem, falou sobre o papel dos militares na Estratégia Nacional de Defesa (END), tema de total desconhecimento do público militar. Foi, sem sofismas, um banho.

Torcemos para que a data de ontem, doravante, seja comemorada, anualmente, como o “dia em que ele esteve aqui”. Não estranharemos que, além da costumeira placa, sua vistosa estátua celebre a magna data.
Quem deu a brilhante ideia? Não sabemos. Um iluminado? Um luminar?
O ser humano é, inegavelmente, uma caixinha de surpresas. Individualmente, somos capazes das maiores e dignificantes propostas, mas cretinos o suficiente para propormos as mais degradantes soluções, atividades, leis, e assim por diante. Até aí, nada de mais.
Contudo, levada a proposta à apreciação do grupo, as pessoas de bom senso podem abismar-se que outros viventes tenham endossado a idiotice. Até aí nada demais, a bandalheira, por vezes, segue em frente.
Apresentada a peça ao alvedrio da autoridade, que eventualmente pode ser constituída por um grupo de notáveis, ao abonar a estupidez, sua decisão soa como o fim da picada.
Aí sim, tudo haver.
Por certo, pesando os prós e os contras, acreditamos que as autoridades tenham concluído que o elevado saber do palestrante, pelo muito que ele tem feito em prol da Pátria, seria de extrema valia, sem contar a simpatia que a vetusta Escola irá obter no seio da esquerda nacional. Sem dúvida, pressentimos o evento como mais um tremendo avanço.
Marchamos resolutos, agora com a valorosa contribuição da ESG.
Ah, quanto aos vesguinhos do Swift, dizem as más-línguas que continuam andando por aí, olhos fixos na ponta do nariz, com sua vara com a bexiga de vaca na mão, batendo aqui e acolá, às vezes acertando passantes que nem nós, que não temos nada com a sua distorcida visão.
Título e Texto: Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira, Brasília, DF, 30 de julho de 2011
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