Tradução: Francisco Vianna
Pelo menos 17 pessoas morreram
e mais ficaram feridas numa explosão no centro da cidade de Oslo, a capital da
Noruega, e um tiro no acampamento da juventude do Partido Trabalhista nos
arredores da capital norueguesa. A polícia do país nórdico prendeu o atirador
no acampamento e acredita que ele tem conexão com o atentado à bomba no centro
da cidade, embora outros possam estar envolvidos. O significado dos eventos na
Noruega para o resto da Europa irá depender amplamente de quem é o responsável
pelo atentado, e a identidade dos culpados ainda não é conhecida. Entretanto,
este artigo faz uma extrapolação sobre as possíveis consequências dos ataques
com base em diversos cenários.O primeiro cenário é o de que militantes
islâmicos baseados na Noruega possam estar por trás desses ataques
aparentemente conectados. Grupos jihadistas
locais já são todos como certo existirem por toda a Europa, e esta suposição –
juntamente com os ataques anteriores – reforça a popularidade da
extrema-direita dos partidos políticos em todo o continente. Muitos políticos
de centro-direita também começaram a levantar questões políticas contra os
imigrantes, a fim de desviar a atenção da opinião pública da implantação de
medidas de austeridade econômica provocada pela crise econômica européia. Se
militantes islâmicos radicados no país forem considerados os culpados desses
eventos terroristas na Noruega, isso irá simplesmente reforçar a tendência da
política européia atual que favorece à extrema direita. Dito isto, alguns
partidos de extrema-direita, particularmente no Norte da Europa, podem receber
um impulso de popularidade suficiente para empurrá-los no contexto geral
político e, possivelmente, para o governo.
Se um indivíduo, ou um grupo
organizado doméstico, com tendências de extrema-direita (?) ou neonazista (?)
perpetrou o ataque, o significado para o resto da Europa não será grande. Tal
resultado poderia levar a uma perda temporária da popularidade para a
extrema-direita (?), mas no longo prazo as repercussões para a extrema direita
(?) são improváveis, uma vez que esses partidos começaram a moderar suas
plataformas a fim de atrair um público mais vasto.
Há também a possibilidade de
que os ataques sejam obras de um indivíduo qualificado, mas perturbado e com
queixas contra o Partido Trabalhista, no poder. Esta possibilidade teria poucas
repercussões de longo alcance, além da de gerar uma reformulação de
procedimentos de segurança interna na Noruega.
Outro cenário e o de que o
atentado tenha sido perpetrado por um grupo internacional que pode ter entrado
no país há algum tempo. Independentemente do prazo, se os culpados cruzaram a
fronteira para entrar na Noruega, outros países europeus vão se sentir muito
vulneráveis; a Noruega é onde a Europa termina ao norte, e se militantes
internacionais podem entrar na Noruega, podem também chegar a qualquer lugar da
Europa. Esta vulnerabilidade pode danificar gravemente a segurança de um estado
se mantido sob ataque por alguns meses.
O Acordo de Schengen – que já
foi um pilar simbólico da unidade européia – permite a concessão de visas para
os que se deslocam entre os 25 países da Área Schengen (a maioria dos quais são
membros da UE, mas a Área Schengen não inclui alguns membros não pertencentes à
UE como a Noruega e a Suíça). O acordo ficou sob pressão quando a Itália
ameaçou permitir que os imigrantes que fugiam do conflito da Líbia e da
agitação política da Tunísia ganhassem o status de ‘residentes temporários’ na
França. Foi a maneira de Roma em forçar o resto da Europa para ajudá-la com o
problema do fluxo de migrantes. A solução proposta pela França e Itália era,
essencialmente, estabelecer fronteiras temporárias "em circunstâncias
muito excepcionais". Depois, a Dinamarca re-impôs os controles de suas
fronteiras, supostamente devido a um aumento da criminalidade transfronteiriça.
O atentado na Noruega, caso
tenha envolvido movimentos transfronteiriços, poderá, portanto, prejudicar ou
mesmo acabar com o Acordo de Schengen. Outros países europeus, particularmente
aqueles onde a extrema-direita é forte ou de centro-direita, onde os partidos
têm adotado uma mensagem contra a imigração, poderão pressionar por novas
alterações ao pacto. A trama transnacional militante contra um país europeu no
contexto contemporâneo também pode ser significativo para a política de defesa
européia.
Quando o atentado em Madri de
2004 e o em Londres de 2005 aconteceram, muitos na Europa argumentaram que tais
ataques foram resultados do apoio dos governos europeus para as operações
militares dos EUA no Oriente Médio. Isto já não é realmente o caso para a
Europa, embora forças européias ainda estejam no Afeganistão. É muito mais
difícil culpar aliança da Europa com os Estados Unidos por este ataque. Como
tal, a Europa poderia muito bem ser motivada a levar mais a sério os esforços
em curso para aumentar a coordenação européia de defesa. Os esforços atuais
estão sendo conduzidos pela Polônia, que está fazendo isso principalmente
porque quer aumentar a segurança contra o ressurgimento da Rússia, não por
causa da militância global. O problema do plano de Varsóvia é que tem pouco
apoio genuíno na Europa Ocidental, a não ser da França. Um ataque a Noruega
poderia, no entanto, prever o tipo de impulso necessário para que a Europa se
sinta ameaçada por eventos globais.
O último cenário é o de que o
atentado possa estar ligado ao envolvimento da Noruega na campanha na Líbia.
Caso o governo líbio esteja de algum modo implicado no atentado à bomba e no
tiroteio no acampamento, o resto da Europa correrá em apoio à Noruega e
aumentará seus esforços para derrubar de vez o regime da Líbia. Este cenário
essencialmente fecharia de vez a abertura das negociações propiciadas por uma
recente medida de Paris e outros governos europeus de aventarem a possibilidade
de Muammar Gadhafi permanecer na Líbia.
Fonte: STRATFOR
– GEOPOLITICAL INTELLIGENCERelacionado:
What the Norway Attack Could Mean for Europe
Jim,
ResponderExcluirObrigado por postar esse artigo da STRATFOR que traduzi.
O governo de esquerda da Noruega pode estar sendo considerado de 'direita' pelos 'socialistas' de plantão, sejam eles fascistas, nazistas ou comunistas, entre outros.
O socialismo, que enfrenta uma crescente recusa por parte do europeu, pode estar reagindo usando o velho expediente do terrorismo, ainda mais agora onde a culpa pode ser facilmente jogada nas costas dos islâmicos.
O socialismo é como a saúva: ou o mundo se livra dele ou ele acabará com o mundo.
Francisco Vianna
Eu é que agradeço!
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