quarta-feira, 27 de julho de 2011

O que vai na cabeça de um assassino


Imagem do blog de Luana Soares

O manifesto de 1526 páginas escrito pelo responsável pelo massacre na Noruega é um documento fundamental para compreender um bocadinho melhor o que vai na cabeça destes assassinos. Com o cinematográfico nome de «2083: A Declaração de Independência da Europa», deixa claro que estes fenómenos não resultam de um súbito surto patológico, em que alguém acorda de manhã vítima de um delírio, mas acontece depois de um longo tempo de maturação e planeamento. Deixa evidente, também, que não estamos perante alguém que ouve vozes e decide agir sob as suas ordens, sem consciência do que faz, mas de uma pessoa que é capaz de explicar a sua «ideologia» e os seus métodos através de um discurso estruturado – não é, decididamente, um caso de insucesso escolar. Ficam de fora, igualmente, as explicações simplistas, do estilo ‘ai viu muita violência na televisão’ ou ‘isso é dos jogos virtuais’. Fala neles, é certo, mas a novidade é que os cita não como utilizador, mas sobretudo como álibi. Diz, a certa altura, «apresente um projecto credível/álibi aos amigos, colegas e família que justifique o seu novo padrão de vida. Diga-lhes que começou a jogar World of Warcraf ou qualquer outro MMO online e quer concentrar-se nele durante o próximo mês/ano». Como analisa Evan Narcisse, especialista em novas tecnologias, na Time Online, o que se depreende disto não é que os 12 milhões de pessoas que jogam WoW são potenciais assassinos de massas, mas que os terroristas do século XXI utilizam a linguagem do século XXI. A explicação do seu gesto terá de ser muito mais profunda, no âmago daquilo que nos aproxima (ou afasta) da humanidade.
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak, 27-07-2011

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