quinta-feira, 7 de julho de 2011

A realidade virtual

Foto: DR

Há algo de assustador com a voragem das notícias, com a rapidez e facilidade com que em poucos minutos um acontecimento se transmite pelos meios de comunicação, pelas redes sociais. Porque se por um lado permite a todos partilhar tristeza e luto, também condena ao esquecimento rápido qualquer fatalidade.
A sociedade vive numa urgência de notícias, saltitando entre mortes prematuras e casamentos reais. E porque esta sede de notícias, de acontecimentos devora a realidade, rapidamente se condena ao esquecimento o que ontem era importante. Há pouco tempo explodiu a casa da actriz Sónia Brasão e colocou-a nos cuidados intensivos do hospital.
Mas deixou de ser notícia. Aparecem referências aqui e ali, espaçadas porque entretanto muito aconteceu. É terrível constatar como esta avalanche de informação acaba por nos tornar imunes ao sofrimento, afastados da dor real. Choramos os mortos e votamo-los ao esquecimento imediato. Apiedamo-nos do sofrimento de uma catástrofe mas rapidamente passamos à frente.
Infelizmente este mesmo sentimento de que tudo é descartável e apenas temporariamente importante passou há muito para a nossa vida pessoal e social.
As redes sociais tornaram-se mais reais do que a realidade. As pessoas colocam online os seus passos, os seus pensamentos, os seus amores e desamores. Mas cada vez estão mais sozinhas, mais solitárias na tristeza ou nas dificuldades.
Numa crise sem par na história de Portugal, é preciso sair destes abraços virtuais e estender a mão. E pedir ajuda. E sermos absurdamente frágeis porque só somos seres humanos.
Título e Texto: Luisa Castel-Branco, Destak, 04-07-2011
Edição: JP

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