Os mais diversos meios de
comunicação brasileiros nos últimos dias têm se dedicado quase que a um único
assunto: a reação da presidente Dilma diante da veiculação de notícias de
corrupção em seu governo.
Escaldada pela péssima reação
pública quando de sua demora em demitir os acusados Erenice Guerra e Antonio
Palocci, Dilma passou a demitir com mais agilidade os envolvidos em denúncias
de corrupção como ocorrido no Ministério dos Transportes, comandado pelo PR.
As denúncias posteriores
recaíram sobre irregularidades no Ministério da Agricultura, comandado pelo
PMDB, maior partido da base de sustentação de seu governo e do qual fazem parte
o Presidente do Senado, José Sarney, e o Vice-Presidente da República, Michel
Temer.
A Polícia Federal prendeu mais
de trinta pessoas ligadas direta ou indiretamente ao Ministério do Turismo,
também comandado pelo PMDB e a reclamação dos líderes desse partido foi contra
o uso de algemas nessas prisões.
A pressão foi tão grande que
no dia seguinte não ocorreram votações no Congresso Nacional, com sua pauta
totalmente trancada pelo assunto “algemas”.
Poderia concordar com os
protestos caso os deputados e senadores estivessem reclamando pelo fato de
serem pessoas acusadas e ainda não condenadas, e o fizessem sempre, com a mesma
intensidade, quando a polícia civil de todos os estados brasileiros fizesse o
mesmo uso, em homens e mulheres, jovens e idosos, indiscriminadamente, acusados
de roubarem nos supermercados e também ainda não condenados.
Pelo comportamento desses
parlamentares, fica claro que os mesmos só se revoltam quando as algemas são
colocadas em pessoas acusadas de roubar bastante, milhões ou bilhões, dos
cofres públicos, o que não teria tanta importância, pois nos últimos dois
governos isso virou algo trivial.
As algemas, por esse
raciocínio, só poderiam ser colocadas nos infelizes acusados de terem roubado
um cobrador de ônibus, um caixa de um supermercado da periferia, ou mesmo um
carro, pois os acusados desses crimes são e devem ser tratados como bandidos,
apesar do valor insignificante de seus roubos.
Para os que só aparecem nos
escândalos de bilhões, superfaturamentos de cifras inimagináveis para milhões
de brasileiros, o tratamento deve ser diferente, sem algemas, sem exposição
pela imprensa e uma cela individual, com um bom colchão, televisão, frigobar e
internet à sua disposição, onde aguardarão horas ou no máximo dias para que
obtenham um habeas corpus e possam responder o processo em liberdade.
Ora, senhores parlamentares,
bandido é bandido, ladrão é ladrão e criminoso é criminoso, independentemente
do tamanho de seu delito, e se a polícia algema milhões de pequenos infratores,
deve sim algemar os grandes, até porque estavam sendo investigados e com os telefones
grampeados com ordem judicial. E a polícia só prendeu quando as provas eram
bastante consistentes. Nesse caso, se a polícia pode expor os pequenos, deve
também expor os maiores.
Como nunca votei no PT,
sinto-me à vontade para dizer que a Presidente Dilma Rousseff possui em suas
mãos uma oportunidade única de receber o apoio da imensa maioria dos
brasileiros, não de políticos nem de empreiteiros, mas de contribuintes e
eleitores como eu, se resolver enfrentar essas verdadeiras quadrilhas instaladas
em praticamente todos os níveis de todos os Poderes Constituídos da República e
realmente realizar uma faxina moral no país.
Se parlamentares pressionarem
muito, por perderem as galinhas dos ovos de ouro de seus assaltos, conclame a
população, Presidente Dilma, pois, para extirpar de vez a corrupção no país,
apoio certamente não lhe faltará.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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