A história é verídica: logo a
seguir à revolução, um militar de Abril levantou-se a meio de uma reunião tensa
e propôs, com cara séria, que os novos poderes exumassem o cadáver de Salazar e
o sentassem numa sala de tribunal, para ser julgado pelas suas políticas. À
volta, todos olharam para ele como se fosse louco. Estranhamente, Pedro Passos
Coelho não provocou uma reacção semelhante quando, na semana passada, anunciou
no Parlamento pretender "saber quem, como e porquê esteve na origem dos
encargos insustentáveis" e prometeu investigar "parceria
público-privada a parceria público-privada, contrato a contrato, departamento
por departamento". Este seria o primeiro passo numa purga nacional que se
completaria com uma queixa feita na Procuradoria por Duarte Marques, o
promissor líder da JSD que deu a cara, o nome e a reputação em defesa da
criminalização da incompetência dos políticos.
O objectivo, naturalmente, é
enviar José Sócrates para a cadeia (e, talvez, Pedro Silva Pereira). O problema
é que não se poderia parar aí. Seria preciso varrer todos os ministros do
anterior governo; e todos os deputados que os apoiaram; e o Presidente da
República, que promulgou as suas decisões.
Nem isso seria suficiente. Quando José Sócrates foi reeleito em 2009, qualquer eleitor minimamente informado tinha obrigação de saber que a economia já tinha estoirado e que as políticas propostas pelo PS durante a campanha eram irrealistas, fantasiosas e - para usar uma expressão da moda - "criminosas". Portanto, seria obrigatório prender os 2.077.238 portugueses que, mesmo assim, votaram em José Sócrates.
Nem isso seria suficiente. Quando José Sócrates foi reeleito em 2009, qualquer eleitor minimamente informado tinha obrigação de saber que a economia já tinha estoirado e que as políticas propostas pelo PS durante a campanha eram irrealistas, fantasiosas e - para usar uma expressão da moda - "criminosas". Portanto, seria obrigatório prender os 2.077.238 portugueses que, mesmo assim, votaram em José Sócrates.
Portugal não consegue condenar
políticos que tenham cometido crimes a sério, como corrupção, peculato ou abuso
de poder - mas sente-se preparado para perseguir políticos que supostamente
cometeram crimes vagos e imaginários. É a melhor maneira de não fazer uma coisa
nem outra.
Editorial da Sábado, nº 390, de 20 a 26-10-2011
A caça às bruxas foi uma
perseguição religiosa e social que começou no século XV e atingiu seu apogeu
nos séculos XVI e XVII principalmente na Alemanha, na Suíça e na Inglaterra. As
antigas religiões pagãs e matriarcais eram tidas como satânicas. O mais famoso
manual de caça às bruxas é o Malleus Maleficarum ("Martelo das
Feiticeiras"), de 1486.
(…)
Embora tenha começado no fim
da Idade Média, a caça às bruxas européia foi um fenômeno da Idade Moderna,
período em que a taxa de mortalidade foi bem maior.
Embora supostas bruxas tenham
sido queimadas ou enforcadas num intervalo de quatro séculos — do século XV ao
século XVIII — a maioria foi julgada e morta entre 1550 e 1650, nos 100 anos
mais histéricos do movimento.
Fonte: Wikipédia
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