quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O deputado do 'post-it'

Ferreira Fernandes
Antes de falar no Parlamento o deputado Pedro Saraiva distribuiu 230 post-it -nos lugares dos seus colegas. Um papelito por cada deputado de todos os partidos. Lembram-se da intervenção, ontem, de outro deputado? Mas a de Pedro Saraiva conhecem - mérito dele, ter chamado a atenção. É verdade que também chamaria se se tivesse exibido em cuecas nos Passos Perdidos, mas o dia de fama que ele ganhou conseguiu-o com um gesto de algum sentido. O post-it tinha a forma de balão de diálogo - imagem sempre boa de recordar num parlamento - e era um post-it. O post-it, pequeno papel com adesivo que se tira facilmente sem deixar marcas, é das invenções mais práticas e úteis da História da Humanidade. Eu sei que nunca seria capaz de inventar o Teorema de Gauss, mas o post-it quando apareceu, em 1977, já eu ganhava a vida e se tivesse ousado pensar teria descoberto o post-it. Mas falhei, não fui eu. Propondo um post-it aos colegas, Pedro Saraiva pedia-lhes uma pequena sugestão para Portugal. Ao que sei, recolheu um alvoroço de protestos por não se ter limitado a discursar, como é costume na casa, para o esquecimento do País, como a casa sabe ser costume.
Ser diferente é duro em Portugal. Também ontem, soube-se que João Ricardo Pedro tinha ganho o prémio literário Leya (100 mil euros) e os jornais titularam: "Desempregado ganha prémio literário". Desempregado coisa nenhuma, estava todo empregado a fazer pela vida.
Título e Texto: Ferreira Fernandes, Diário de Notícias, 20-10-2011
Edição: JP

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