quinta-feira, 20 de outubro de 2011

[Portugal] Eles comeram tudo e não deixaram nada...


Imagem: Fabio Vicente, aqui

José Luís Seixas
O Orçamento de Estado anteontem apresentado é o que é e, cá para nós, o que, na realidade, todos esperávamos que fosse. Em matéria de finanças não há milagres. Uma coisa é o discurso proclamatório, outra, bem diferente, a necessidade de governar uma Nação falida e mendicante. Porventura poderiam as medidas ser um pouco menos gravosas para as classes médias e atacar de forma mais decidida o capital financeiro, ou melhor, o pouco capital financeiro que ainda resta e não emigrou já para paragens mais seguras. Mas, fora essa questão – que não é um detalhe – não se ouviu ou conheceu qualquer alternativa a este Orçamento de sacrifício e de muitos dramas pessoais. E se razão há para a indignação, ela deveria ser canalizada para os responsáveis que puseram o País a pão e água em troca das suas megalomanias, das suas relações de interesse, do tráfico de influências, dos favores e das concupiscências, enfim, do que todos sabemos e outros tantos intuímos. Por isso, para mim, cidadão, pai de família, integrante da classe média e vítima inocente de uma voracidade fiscal como não há memória, é importante saber quem gastou tanto e quem delapidou tantos recursos. Como importante é conhecer quem permitiu que alguns se locupletassem à custa do País, quem o consentiu pela omissão do dever de denúncia, quem colaborou neste saque que constituem os “buracos” que ora se vão destapando. Sentir-me-ei melhor se passar fome sabendo que quem me converteu em faminto foi sancionado, do que roer a côdea da desventura assistindo impávido ao voo dos urubus sobre o meu telhado. E, por favor, que ninguém mais repita a atrocidade da inexistência de institutos legais que permitam a responsabilização civil e criminal dos predadores do erário público. Informem-se. Poderia esclarecer, mas temo que as Finanças me tributem pela consulta.
Título e Texto: José Luís Seixas, Destak, 18-10-2011

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