quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Desmoralização II


Do blogue "Abobado"

Peter Wilm Rosenfeld
Até hoje, em minha já longa vida, quase sempre sob governos em um sistema presidencialista (salve no realmente curto período em que o Brasil viveu uma experiência parlamentar, após a renúncia de Jânio Quadros e nos nem tão curtos períodos em que tivemos regimes fortes, ditatoriais (Getúlio e os cinco generais a partir de 1964), tinha visto uma Presidência da República tão desmoralizada como a atual!
A Sra. Rousseff, eleita com ampla vantagem de votos e com grande apoio popular (sem meu voto, diga-se de passagem), não está sabendo se impor sobre alguns de seus ministros, que chegam a zombar dela.
Já despachou cinco (o sexto pediu demissão); os cinco que foram ejetados o foram por corrupção. Como todo o ministério (minúsculas propositais) foi nomeado por seu antecessor, talvez esteja propositadamente fritando os pelo menos dois que têm que ser despachados de imediato, com isso levando ambos a situações as mais insólitas, dando-lhes chance de mostrar quão torpes são.
E, de carona, expondo ao distinto público o diabo da herança maldita que lhe foi passada pelo Sr. da Silva.
Sobre o Ministro do Trabalho já me ocupei no artigo da semana passada, mas há algo de novo que não se sabia então: foi funcionário fantasma da Câmara dos Deputados, lotado no gabinete do PDT, partido do qual é presidente aparentemente vitalício, com um razoavelmente elevado salário (algo em torno de 20 salários mínimos, para não fazer nada!).
Tenham paciência meus leitores: depois que essa vergonheira foi revelada, a Sra. Rousseff tinha a obrigação de mandar o Sr. Carlos Lupi para o espaço, sem dó nem piedade. Mas não, o ministro continua, sabe-se lá até quando, podendo fazer e desfazer a seu bel-prazer!
O Sr. Mario Negromonte, atual titular do Ministério das Cidades, é outro que foi atingido pelo vírus da corrupção, nada lhe acontecendo até agora.

É verdade que foi uma ocorrência de menor importância: substitui-se uma obra no valor de R$ 400.000.000,00 por outra de quase R$ 1 bilhão, sem maior cerimônia e sem que, até agora, tenha aparecido qualquer esboço de explicação.
Pouca coisa, como se vê; para muitos, a diferença é de alguns trocados. Para a multidão dos demais, que têm uma remuneração expressa em um ou poucos salários mínimos, é u’a montanha de dinheiro!
Pelo que parece, a Sra, Rousseff não ficou nem um pouco preocupada, sequer se manifestou sobre o assunto!
O problema será sanado quando da reforma ministerial. Mais um na prateleira da reforma!
O meio bilhão de reais não tem qualquer importância! Quanto mais tempo passar, mais se estará diante de um fato consumado e diante de prazos fatais para o término dos trabalhos, o que deve ocorrer antes do início da famigerada Copa do Mundo de futebol.
Logo, dentro de pouco tempo, ou não se terá coisa alguma ou se terá a obra mais cara. Mas, e qual o problema de se executar o mais caro, se o que interessa é que esteja pronto até o final de junho de 2014?
E qual foi o aspecto inusitado, patético, nessa confusão toda?
O Ministro Negromonte se emocionou por ter sido incluído no lado corrupto do governo e verteu, em público, copiosas lágrimas.
Certamente a Sra. Rousseff se compadeceu (“coitadinho do Mário, está sofrendo tanto”), permitindo que o Ministro ficasse mais uns mesezinhos como ministro, até a indigitada reforma.
Enquanto a casa pega fogo por aqui, a Presidente vai dar uma voltinha no aerolula para trocar idéias com alguns de seus amigos de infância, como a Presidente da Argentina e o Presidente da Venezuela (estranho que não tenha esticado a viagem até Cuba, pois o Sr. Fidel Castro deve estar com saudades...).
Mas imagino o que a tenha levado nessa viagem (e chamo a atenção de meus leitores para o assunto): o famigerado “controle social” da mídia! (Por vezes, atende pela alcunha de “marco regulatório da mídia”...
A introdução de tal controle é a menina dos olhos dos Srs. José Dirceu e Franklin Martins. E, pelo que sinto, esses dois senhores já convenceram a Sra. Rousseff de que, sem esse “controle”, ou “marco regulatório”, todo o esforço que foi despendido até agora foi em vão.
As juras da Senhora Rousseff sobre censura não terão valor algum, porque os Srs. Dirceu e Martins detêm um poder muito maior que o controlado pela Sra. Rousseff e, na hora da verdade, a dupla prevalecerá facilmente. E a Presidente ficará desmoralizada.
Lembremo-nos do que são capazes os dois indigitados “revolucionários”: até matar, se for necessário para a consecução de seus objetivos (essa frase está gravada em vídeo, quando discutiam um assunto sobre executar suas tarefas revolucionárias).
Para terminar, uma frase da velha UDN: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”!
Título e Texto:  Peter Wilm Rosenfeld, Porto Alegre(RS), 30 de novembro de 2011
Edição: JP

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