João Bosco Leal
Sem me recordar exatamente
onde, li uma frase onde John Lennon dizia que ninguém será capaz de se
apaixonar ou de ser feliz, antes de se tornar apaixonado por si mesmo.
Além de compor músicas com
mensagens maravilhosas como “Imagine”, na frase John Lennon resume o que
normalmente levamos décadas para perceber: só quando gostarmos de nós mesmos é
que seremos capazes de verdadeiramente nos apaixonar por outra pessoa.
Interessante é que o autor se
refere à paixão, mas não ao amor, o que é muito diferente e quando disse isso
talvez pretendesse falar exclusivamente de paixões ou – como nos deixou muito
jovem -, nem ele próprio já possuísse maturidade suficiente para amar verdadeiramente.
Atualmente os jovens ficam,
namoram, noivam e se casam exatamente como seus pais fizeram, com a diferença
de que em seu tempo, eles não “ficavam” e tinham muito menos liberdades
sexuais.
Tudo isso normalmente ocorre
durante uma fase em que as pessoas ainda não conhecem a si próprias, mas pensam
já haver encontrado o amor de sua vida, aquela com quem gostariam de constituir
uma família, ter filhos, netos e envelhecer junto.
Sentimentos de atração, desejo
e excitação por outras pessoas ocorrerem centenas de vezes durante a vida e
podem virar paixões, mas não são suficientes para se transformar em amor.
Estamos apaixonados quando nos
tornamos incapazes de tirar aquela pessoa de nossas mentes e a todo instante
queremos estar ou falar com ela, tocar sua pele, pegar em suas mãos e sentir
seus lábios nos nossos.
No meio de um estudo na
biblioteca ou durante algo que nos prenda a atenção, mesmo sem naquele momento
querer ou poder, perdemos completamente a concentração para nos lembrarmos
dela, com quem sonhamos e sentimos prazeres, ainda que estejamos muito
distantes.
Independentemente da idade, as
paixões mexem conosco, nos deixam alegres, esperançosos e cheios de desejos,
físicos e mentais, fazendo com que voltemos a sentir as mesmas tensões e ansiedades
amorosas da juventude.
Penso que já estamos
preparados para um verdadeiro amor quando, com o amadurecimento e as paixões já
vividas, vamos conseguindo distinguir sutis diferenças entre estas.
Detalhes antes imaginados
muito importantes, como o físico, vão gradativamente perdendo a importância na
avaliação de seus sentimentos enquanto outros, como os princípios éticos,
morais, círculo de amizades, nível educacional e cultural vão sendo mais
valorizados.
O companheirismo, a amizade e
objetivos passam a ser considerados muito mais valiosos do que os quilos da
balança ou a quantidade de rugas e cicatrizes.
Esse é o momento em que a
próxima paixão, adicionada desses ingredientes, se transforma em algo bem mais
sublime e diferente das anteriores, o amor.
Esse é o verdadeiro amor,
maduro, calmo, sem cobranças, buscado por todos, alcançado por poucos e livre a
ponto de se sustentar com todas as portas e janelas abertas.
O amor maduro é o que só consegue enxergar belas histórias de vida nas
rugas do companheiro e que provoca a vontade de roubar uma flor de um jardim,
somente para ver o sorriso da amada ao recebê-la.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal
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