sábado, 31 de março de 2012

De totós ou para totós? - Um totóensaio.



Alberto de Freitas
Quem se queira envolver na política, tem que treinar na técnica de falar para totós, a não ser que o seja. Nesse caso, mantém-se – na política – por pouco tempo. O mesmo acontece com os políticos que evitem expor a versão para totós. Por exemplo: falar verdade. Totó não suporta enfrentar a realidade. Totó necessita que lhe levantem o ânimo. O político tem que ser um viagra da alma.
No caso, pode ver-se como o facto de estarmos na bancarrota, é algo que não se pode apresentar de chofre aos totós. O verdadeiro político propõe como solução o investimento. Claro que tal solução necessita para a sua prossecução, daquilo que falta - por isso a bancarrota - e que é capital. Mas tal solução assenta perfeitamente na cachimónia totó. É a versão totó do milagre bíblico: levanta-te e anda. A personagem não tem pernas e, por mais que chame a atenção para o facto, totó repete: “levanta-te e anda”. Ou até, para não ferir os mais religiosos, tem-se o exemplo da velha tática militar, em que mesmo que acabem as munições, se deve continuar a disparar… para enganar o inimigo.
Todo o totó é crente e vitupera os descrentes, vulgarmente conhecidos por liberais.
O liberal é um totó solto na vida, cuja liberdade se pode considerar uma isaltinice da crendice totó. Nunca fica preso a totósices. Atualmente temos a versão liberal-pensadora e que são os neoliberais. Sim, porque se o liberal era a versão salazarista: “a minha política é o trabalho” e, por isso se borrifava na totóconverseta; o neoliberal desmancha-se às gargalhadas perante tal totósice.
Tal atitude é ferozmente atacada pela “esquerda-ovas-de-esturjão”; aquela esquerda que para acabar com o capitalismo, tem como política ser consumidora dos seus símbolos: vestindo Prada e “pulsando” Rolex. Quem também não suporta que se pense e, por isso odeia os neoliberais, é a “esquerda-sobrevivente- do-assalto-ao-Palácio-de-Inverno”. Que na ausência de modelos a apontar, aposta na política “Alice-no-país-das-maravilhas”.
Não só a esquerda, mas também a direita beata tem conversa para totó, devido à convicção que será deles – totós – o Reino dos Céus.
Neoliberal - por exemplo - no Brasil, é o que avisa que a construção petista dos estádios para o Mundial os transformará na próxima Grécia… mas em grande. Enquanto em Portugal o neoliberal já não perde tempo a avisar que o futuro pode ser lixado, porque o presente já o é.
A vida sempre foi esperançosa para os totós e a prova é que a tradicional hipótese de futuro risonho, sempre foi o totobola e o totoloto.
O período atual é de orfandade para os totós, que se veem limitados á totóconverseta da esquerda-ovas-de-esturjão e sobreviventes-do-assalto-ao-Palácio-de-Inverno, faltando a socialtotósice, ou, atualmente, tozésice: a ex-esquerda-solta-na-vida, agora amarfanhada por irrecusável herança
Tanto que, num retomar do mito infantil que os bebés vêm de Paris, totó tem fé que passem também a vir ideias. Ideias totós que, como óbvio, virão de quem não é mesmo totó
Como tal, o destino do político que não nos veja como totós, é triste. Tal como se é condenado por chamar corrupto ao corrupto, deve-se dizer aos desempregados que existem empregos, ao doente terminal que existe cura e o corno deve acreditar que não é nada daquilo que está a pensar… apesar de ver.
Assim são os totós que preferem os políticos que falam para totós.
Título e Texto: Alberto de Freitas

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