quinta-feira, 29 de março de 2012

Em Cuba, a visita do Papa eleva o número de presos nas masmorras dos irmãos Castro

Foto: DR
Francisco Vianna, com base na imprensa internacional
Se o papa Bento XVI (ou Benedito XVI) soubesse que sua visita pontifícia à ilha-cárcere da ditadura socialista soviética dos Castros iria criar uma onda repressiva tão grande, levando tantos mais às suas masmorras, possivelmente teria desistido de vir.
Imagino o quanto o Santo Padre deve estar se sentindo constrangido e triste ao ver que a sua presença, ao invés de inspirar a boa vontade e uma maior tolerância por parte dos dirigentes da ilha – como talvez tenha sido a sua intenção ao visitá-la –, desencadeou uma enorme onda repressiva contra os dissidentes, antigos e conhecidos do regime e novos, que resolveram se expressar publicamente contra a iniquidade política e econômica que vivem e sentem na carne, estimulados pela presença e pelas palavras do santo pontífice.
Para piorar, dias antes, o ex-presidente americano George W. Bush tratou de botar lenha na fogueira ao apelar ao ex-prisioneiro político Oscar Elías Biscet, uma das mais destacadas figuras da tímida oposição cubana, para que recebesse seus votos de solidariedade e reiterar seu compromisso com a liberdade individual dos cubanos. “Continuarei ajudando-o no melhor que puder”, disse Bush a Biscet. “Quero que saiba que há muita gente aqui que o admira e respeita e vamos continuar rezando por você. Na medida do possível, vamos manter a pressão não apenas pela sua liberdade, mas também pela liberdade de todos os que vivem em seu país”.
De 1999 a março de 2011, Biscet ficou encarcerado, exceto por 36 dias, cumprindo uma condenação de 25 anos, por “tentar contra a segurança do estado comunista”. Nos últimos dias, Biscet também tem sido vítima de uma campanha repressiva que já levou quase 200 dissidentes à prisão. Tanto Biscet como outros dissidentes e ativistas dos direitos humanos exigiram das autoridades cubanas que identifiquem um manifestante que foi preso e espancado minutos antes da missa papal na Praça Antonio Maceo, em Santiago de Cuba. O manifestante foi capturado e abduzido por agentes da Segurança do Estado depois de ter gritado várias vezes no meio da multidão: “Abaixo o comunismo!”. Quando foi retirado da praça, o manifestante foi esbofeteado violentamente e golpeado com uma mesa dobrável por um homem que vestia uniforme da Cruz Vermelha de Cuba. 
O incidente, que ocorreu numa área próxima a uma plataforma onde estavam diversos cinegrafistas e fotógrafos, foi amplamente difundido no mesmo dia.


Até ontem à noite, uns 200 dissidentes tinham sido presos ‘temporariamente’ ou forçados ao confinamento dentro de suas residências. Janisett Rivero, do ‘Diretório Democrático Cubano’ (DDC), em Miami, disse que a repressão tinha aumentado consideravelmente durante o dia em toda a ilha, mas, sobretudo nos estados ocidentais de Matanzas e Havana.
Em Havana, o ex-prisioneiro político Iván Hernández Carrillo alertou sobre mensagens de texto recebidas por ele, nas quais fontes anônimas ameaçam ‘dar sumiço’ aos membros da resistência, assim que a visita do Papa termine, informou o DDC.
“Apesar da repressão da ditadura Castro, vamos estar todas, vestidas de branco, com um pulôver com a imagem do Santo Padre e da Virgem da Caridade do Cobre”, disseram as ‘damas de branco’, que são vigiadas de perto por agentes da repressão comunista. “Nos, as Damas não vamos ficar presas em nossas casas, porque é um direito sair para assistir a missa”. Elas têm pedido uma reunião com o Papa de pelo menos ‘um minuto’ para que possam informar a ele sobre a situação interna e os atos de provocação e perseguição a que são continuamente submetidas.
Durante uma conferência de imprensa ontem no Hotel Nacional de Havana, Lombardi disse que o Papa está a par dos pedidos, mas ‘lamentou que não há disponibilidade de tempo para satisfazê-los. “Não estão previstos encontros do Santo Padre com sacerdotes, religiosas, seminaristas e nem com grupos particulares, mas a comitiva papal está atenta ao que escuta de suas palavras”, disse. “Todas essas esperanças, toda essa dor, todas essas ilusões também estão presentes. O Santo Padre fala por todos os cubanos, dos que estão próximos e dos que estão distantes, e dos que sofrem”.
Desde que o Papa chegou à ilha de Cuba, entre as medidas repressivas postas em prática com mais empenho pelos agentes do governo comunista estão os cortes da telefonia celular e fixa dos opositores.
Oswaldo Payá, coordenador do Movimento Cristão de Libertação (MCL), condenou o clima de medo, terror e repressão contras os que ainda têm um resquício de coragem para fazer oposição à sanguinária ditadura comunista dos Castros. “Não se deve aceitar em silêncio tantos maus tratos do regime, tanto abuso e prisões contra os que defendem pacificamente os direitos humanos”, declarou Payá num comunicado. Recentemente, Payá solicitou aos governos democráticos e organismos de defesa dos direitos humanos que intercedam perante o governo para frear a escalada de atos de repúdio e de violência por parte da ditadura aos opositores.
“Enquanto Raúl Castro saudava pela segunda vez o Papa na missa”, disse Payá ontem, “seus bandos repressivos atropelavam centenas de dissidentes e os metiam na prisão em toda Cuba para que nem sequer possam ver o Papa de longe”.
A cada dia, o regime cubano se torna mais e mais um exemplo vergonhoso para a humanidade.
Título e Texto: Francisco Vianna

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