terça-feira, 27 de março de 2012

Há vida para além do défice?

Alberto de Freitas
Jorge Sampaio
Sem interrogações, foi a frase imagem de marca de um presidente da república, de esquerda. Escrevo de esquerda, porque não se cansam de o realçar. Também caricato o alguém limitar as suas análises a uma visão de direita. A resolução de um problema deve ser objetiva… respeitando a Lei e o senso comum. Refiro-me, claro está, a Leis justas numa democracia participada.
E a objetividade impõe contas. É de desconfiar relativamente à frase panfletária: “primeiro as pessoas”. Contas bem-feitas, são sempre o melhor para as pessoas. A esquerda abomina as contas por limitativa da demagogia e, mais grave ainda, não exerce vigilância sobre as contas da direita. Porque não as considera um erro. A despesa desproporcionada das estruturas do Estado endivida os povos, mas engrandece o Estado. E um Estado “eucalipto” é um meio para a direita e um fim para a esquerda.

Gianni Alemanno
Veio isto a propósito da cidade de Roma e do seu governo autárquico de extrema-direita. Todas as críticas ao síndico Alemanno se limitavam aos comportamentos arrogantes, fascistas e racistas… sobre os custos da sua administração sempre houve silêncio. Os ambiciosos projetos para Roma eram do agrado de todos: desde as Olimpíadas à Fórmula Um e a variadíssimos empreendimentos megalómanos. Para isso, criou uma infinidade de estruturas de apoio cheias de assessores e mais rapaziada amiga. Nisto e no também apoio aos movimentos gays, são o que é vulgar considerar: políticas de esquerda.
Mesmo o facto do apoio técnico (um fartote de gente) haver salários anuais com o mínimo de 295.000 a 917.000 euros. Mordomias não incluídas: como carros de gama alta, motoristas, seguranças e cartão de crédito a perder de vista, nunca foi razão de escândalo.
O esquema Ponzi (Dona Branca) explica a coisa: mais obras+capital=buracos tapados. E lá se vai empurrando com a barriga… onde já vimos isto.

Mario Monti, foto: John Thys/AFP
Mas eis que Monti – alguém que olha para os problemas de “frente” (nestes casos é de evitar olhar à esquerda ou direita) – decide dizer: Não! Assim… ao estilo Gaspar. Resultado: Roma está falida. Acabaram-se os hotéis de luxo e os carros acima de 1.600 cc, entre outros cortes, conforme determinou Alemanno confrontado com a realidade.
Passando para o nosso quintal: o que se exige, indiferentemente a serem políticas de esquerda ou direita é a transparência. Saber quem, quando e como se vai pagar o que o Estado “oferece”, é a exigência mínima para evitar que se repitam os problemas que atravessamos.
Passos promete. Mas será que vai conseguir travar o tradicional “pastoreio” partidário?
O futuro dará a resposta.
Título e Texto: Alberto de Freitas
Edição: JP

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