quinta-feira, 29 de março de 2012

O Marquês das Lajes: um alentejano no Brasil

Carlos Luna
Muito se fala das relações entre Portugal e os países de expressão portuguesa. Convirá não esquecer alguns portugueses que se destacaram nos primórdios dessa relação.
Um deles chamava-se João Vieira de Carvalho, e era filho de um Coronel com iguais apelidos, e de sua esposa, Vicência da Silva Nogueira. Nasceu em 1781, no Alentejo, mais exatamente em Olivença, e assentou praça, talvez aos 15 anos, como Cadete. Foi promovido a Alferes-Ajudante em 1805, a Capitão em 11 de agosto de 1809, e logo, no mesmo ano, a Ajudante de Infantaria 15, a Major do Real Corpo de Engenharia, a Tenente-Coronel em 26 de julho de 1817, e a Coronel a 13 de maio de 1819, então já no Brasil.
Fez a campanha peninsular contra os invasores franceses em 1809, tendo-se distinguido por heroísmo, razão por que foi sendo tão rapidamente promovido. Foi destacado para o Brasil, e em 1810/1811 esteve na Capitania de São Pedro do Rio Grande (atual Rio Grande do Sul), onde fez levantamentos de plantas de terrenos supostamente auríferos.
Nas guerras em torno do moderno Uruguai, chamado então Província Cisplatina por portugueses e brasileiros, fez campanha militar em 1812, e de novo entre 1815 e 1827. Em 1821, foi nomeado Diretor da Colônia de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
Como se pode calcular por algumas das datas citadas, em 1822 aderiu à causa da independência do Brasil, e foi promovido a Brigadeiro Graduado em 22 de janeiro de 1824, e a Marechal de Campo em 20 de novembro de 1829. Sendo Fidalgo Cavaleiro da Casa Real Imperial Brasileira, foi durante a sua vida agraciado com os títulos de Barão, Conde, e Marquês das Lajes (uma localidade brasileira). Foi o primeiro Ministro da Guerra (efetivo) do Brasil independente (1822), e voltou a sê-lo por mais quatro vezes (1824-27, 1831, 1836-37 e 1839-40). Serviu de Alferes-Mor na coroação e Sagração do Imperador Pedro II do Brasil em 1841.
Segundo as fontes da época, além de grande militar, foi um diplomata de valor, e por isso ocupou vários postos na área dos Negócios Estrangeiros no Brasil, para além do cargo de Ministro da Guerra.
Faleceu em 1º de abril de 1847, estando sepultado na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, na cidade brasileira do Rio de Janeiro. O seu nome está perpetuado em várias inscrições toponímicas brasileiras, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Curiosamente, na sua Olivença natal, existe a Rua do Conde das Lajes, e não do Marquês das Lajes, sabendo-se sem qualquer ponta de dúvida que se trata da mesmíssima pessoa. Evitar-se-á o título nobiliárquico mais elevado por quê? Modéstia ou ignorância? Responda quem souber!
Texto de Carlos Eduardo da Cruz Luna, Estremoz, Portugal.
Digitação e Edição: JP

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