Carlos Luna
Muito se fala das relações entre Portugal e os
países de expressão portuguesa. Convirá não esquecer alguns portugueses que se
destacaram nos primórdios dessa relação.
Um deles chamava-se João Vieira de Carvalho, e era
filho de um Coronel com iguais apelidos, e de sua esposa, Vicência da Silva
Nogueira. Nasceu em 1781, no Alentejo, mais exatamente em Olivença, e assentou
praça, talvez aos 15 anos, como Cadete. Foi promovido a Alferes-Ajudante em
1805, a Capitão em 11 de agosto de 1809, e logo, no mesmo ano, a Ajudante de
Infantaria 15, a Major do Real Corpo de Engenharia, a Tenente-Coronel em 26 de
julho de 1817, e a Coronel a 13 de maio de 1819, então já no Brasil.
Fez a campanha peninsular contra os invasores
franceses em 1809, tendo-se distinguido por heroísmo, razão por que foi sendo
tão rapidamente promovido. Foi destacado para o Brasil, e em 1810/1811 esteve
na Capitania de São Pedro do Rio Grande (atual Rio Grande do Sul), onde fez
levantamentos de plantas de terrenos supostamente auríferos.
Nas guerras em torno do moderno Uruguai, chamado
então Província Cisplatina por portugueses e brasileiros, fez campanha militar
em 1812, e de novo entre 1815 e 1827. Em 1821, foi nomeado Diretor da Colônia
de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro.
Como se pode calcular por algumas das datas
citadas, em 1822 aderiu à causa da independência do Brasil, e foi promovido a
Brigadeiro Graduado em 22 de janeiro de 1824, e a Marechal de Campo em 20 de
novembro de 1829. Sendo Fidalgo Cavaleiro da Casa Real Imperial Brasileira, foi
durante a sua vida agraciado com os títulos de Barão, Conde, e Marquês das
Lajes (uma localidade brasileira). Foi o primeiro Ministro da Guerra (efetivo) do
Brasil independente (1822), e voltou a sê-lo por mais quatro vezes (1824-27,
1831, 1836-37 e 1839-40). Serviu de Alferes-Mor na coroação e Sagração do
Imperador Pedro II do Brasil em 1841.
Segundo as fontes da época, além de grande militar,
foi um diplomata de valor, e por isso ocupou vários postos na área dos Negócios
Estrangeiros no Brasil, para além do cargo de Ministro da Guerra.
Faleceu em 1º de abril de 1847, estando sepultado
na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, na cidade brasileira do Rio de
Janeiro. O seu nome está perpetuado em várias inscrições toponímicas
brasileiras, principalmente nos Estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do
Sul. Curiosamente, na sua Olivença natal, existe a Rua do Conde das Lajes, e
não do Marquês das Lajes, sabendo-se sem qualquer ponta de dúvida que se trata
da mesmíssima pessoa. Evitar-se-á o título nobiliárquico mais elevado por quê?
Modéstia ou ignorância? Responda quem souber!
Texto de Carlos Eduardo da Cruz Luna, Estremoz,
Portugal.
Digitação e Edição: JP
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