quarta-feira, 28 de março de 2012

O mundo está a ficar mais chato

Alberto de Freitas
Deus, está comprovado que existe e que é um egoísta. Após contratar Chico Anysio, leva o Millôr. Estou a vê-lo sentado no trono celestial, a rir-se como o diabo – podem ter a certeza que o diabo, não é mais que Deus em período de gozação – enquanto deixa o mundo cada vez mais chato.
É verdade: chato é imortal
Mas claro que o esperto – eu queria manter o respeito, mas é que já não há saco -, num claro abuso de poder e aproveitando-se da omnisciência, discrimina os humanos. No fundo é um preconceituoso, pois os chatos também são gente.
Tenho já uma lista de chatos que considero estarem na hora de “andarem”. Todos os dias consulto a necrologia na esperança de abater a lista e… nada. Daí que se justificaria perfeitamente os “chato killer”, diferenciando-se dos serial killer no assassínio exclusivo de chatos.
Como seria o mundo se em vez dos reis tivessem sido os bobos a governar? De certeza muito melhor, muito mais divertido. O povo seria feliz, pois o humor tem lugar mesmo em tempo de gamela vazia.
Aos chatos seriam reservados os chapéus vistosos com sininhos, para que os humanos se pudessem furtar ao contacto. Seriam equivalentes aos leprosos e seriam, sempre que capturados, metidos nas chatarias, onde permaneceriam até Deus não ter outra solução senão requisitá-los.
Entretanto, numa tentativa de resolução do problema, criei a lista dos “a ressuscitar”, em que tem o Millôr mesmo no finzinho. É que acabei mesmo agora de apontar.
Pode não ser ao terceiro dia que os tempos não estão para exigências de prazos muito apertados. Para a semana, para o mês que vem… sei lá. Não impondo prazos, imponho a devolução, porra.
Título e Texto: Alberto de Freitas

O desenhista, jornalista, dramaturgo e escritor Millôr Fernandes, 2006, foto: Ricardo Moraes/Folhapress

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