Reinaldo Azevedo
Inacreditável o que acaba de
acontecer. Jogando um futebol, na média, fraco – com alguns lances
interessantes –, o Chelsea acaba de mandar o Barcelona para casa: 2 a 2. O pior
será a conversa mole que vai se seguir ao resultado. “O Barcelona já era; o
Barcelona está em decadência, o modelo se esgotou…” E, no entanto, só um time
se responsabilizou pelo futebol propriamente dito: o Barcelona – de resto, com duas bolas na trave.
Aqui no meu bairro, os gritos
da molecada evidenciam que o Barça é hoje uma paixão mundial – desperte amor ou
ódio, tanto faz. Ouvi manifestações entusiasmadas quando o time espanhol fez os
dois gols e quando levou os dois – nesse caso, é evidente que não se tratava de
torcedores do Chelsea, mas de críticos do Barcelona, gente que, talvez, não
lide bem com a grandeza alheia, sei lá… Por que alguém haveria de ser
adversário do futebol limpo, técnico, que privilegia o talento? Terminado o
jogo, houve até buzinaço…
Perder ou ganhar é do jogo, é
evidente. Quando um time, como o Barcelona, se torna “a” referência do grande
futebol justamente porque joga como joga, é uma contradição estúpida, cretina,
afirmar, então, que sua qualidade responde por sua derrota. Mas não tem jeito!
As análises necessariamente apontarão a exaustão de um modelo. E isso significa
que o futebol – mundial! – vai andar um pouco para trás.
Assistimos a algo parecido no
Brasil. A derrota da excelente Seleção Brasileira de 1982 fez o futebol
brasileiro mergulhar na mediocridade por uns bons anos. Os medíocres, por
óbvio, nunca se impõem por suas qualidades. Sempre se aproveitam do cochilo dos
bons.
Título e Texto: Reinaldo
Azevedo
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