Não me identifico por razões
óbvias e que irão entender, pois sou personagem de uma história de terror: mato
mulheres. Não de forma voluntária, porque as amo e a prova está na criação de
geringonças inibidoras do prazer sexual. Porque a mim se deve a frase: “foi
como um balde de água fria”. Que no caso, não é em sentido figurado.
Sobre a alcova, pendurei um
balde, fixando uma guita – cuja ponta me fica ao alcance das mãos – de um dos
lados. Pleno de água fria, basta puxar pela dita guita, para terminar com
qualquer, mesmo extremado, orgasmo.
Pois é assim que as assassino:
com um orgasmo que as deixa em estado catatónico. Ainda me tentaram acusar de
viagrocídio, mas tal hipótese foi descartada pela justiça, pois nunca ingeri
qualquer droga. A primeira vez – há uma primeira vez para tudo, crimes incluídos
– pensei que ela tivesse adormecido, e de felicidade devido ao sorriso nos
lábios. E realmente tinha adormecido, só que nunca mais acordou. Até ao momento
de enterrar mantinha o sorriso prazenteiro. Depois, não sei.
Daí a invenção do balde:
interrompo o orgasmo, única forma de impedir o crime. Por isso – e exigindo que
não toque no balde – sou assediado por mulheres suicidas. Para as afastar ainda
tentei a farsa de me fazer passar por gay, mas quando me apercebi da quantidade
de homens a querem-se suicidar, desisti.
Procuro a cura e vejo que o
governo não se preocupa. Sim, porque assisto a toda a hora, a campanhas contra
a disfunção erétil. Daí a injustiça que obriga a um grito de revolta: “a função
erétil também é doença”. E pior: doença que mata.
Alberto de Freitas
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