Em decisão polêmica, União
Europeia de Xadrez proíbe o uso de blusas decotadas por mulheres enxadristas,
após reclamações de espectadores e técnicos
Paula Rocha
Fundamentado no uso de tática
e estratégia, o xadrez é um jogo que exige extrema concentração. Alguns
jogadores europeus, porém, têm perdido o foco na partida por causa de suas
oponentes do sexo feminino. O motivo? Generosos decotes exibidos pelas
enxadristas. A falta de decoro das moçoilas que praticam um dos jogos de
tabuleiro mais antigos do mundo levou a União Europeia de Xadrez a criar um
código de vestimenta para o esporte. “Tivemos essa ideia porque notamos que,
durante os jogos, muitas participantes não usavam roupas apropriadas, o que
gerou reclamações do público e de técnicos”, disse Sava Stoisavljevic,
secretária-geral da entidade. “Há códigos de vestimenta em diversos esportes,
então decidimos estabelecer nossas regras também.” Segundo o manual, caso a
mulher esteja usando uma blusa de botões, por exemplo, abrir o primeiro botão,
contando de cima para baixo, é permitido. Abrir o segundo, dependerá do modelo
da blusa. Já abrir o terceiro está fora de cogitação.
O frisson causado por
enxadristas com roupas decotadas se torna maior pelo fato de que há poucas
mulheres praticantes de xadrez no mundo. Apesar de elas estarem presentes desde
os primórdios do jogo – os primeiros registros de jogadoras remontam ao século
I –, o número de homens praticantes supera com larga vantagem a quantidade de
mulheres. Apenas no Brasil, segundo estimativas da Confederação Brasileira de
Xadrez (CBX), há em torno de 1,8 milhão de enxadristas do sexo masculino,
contra somente 600 mil mulheres.
A entidade, no entanto, não
pretende adotar aqui as mesmas medidas da Europa. “Acredito que essa decisão é
muito particular. Condiz com a realidade europeia, mas não se reflete aqui no
Brasil”, diz Charles Moura Netto, vice-presidente da CBX. “E, na minha opinião,
a roupa que a oponente está usando não deveria influenciar o desempenho de um
jogador.” Já a jovem enxadrista Juliana Terao, mestre Fide internacional, vê
com bons olhos a polêmica medida adotada por seus pares europeus. “Alguns
jogadores, tanto homens quanto mulheres, não têm bom-senso e vão para as
partidas usando regata e chinelo”, diz Juliana. “Por isso, essas restrições são
boas do ponto de vista do esporte. Roupa de campeonato de xadrez deve ser igual
a uma roupa de trabalho”, completa.
Título, Imagem e Texto: Paula
Rocha, revista
Isto É, nº 2216, 27-04-2012
Não há dúvida que o Xadrez perderá parte de sua beleza com estas medidas... Alguém que perde a concentração por um decote, não deveria jogar xadrez profissional, pois não deve possuir um foco necessário para tal... É como exigir há um motorista que não passe próximo à praia, pois irá bater inexoravelmente...
ResponderExcluirAntônio Holanda