Excertos da entrevista de Filomena Mónica a Nelson Pereira, do jornal "i":
“Se não tivesse saído do país,
ter-me-ia suicidado em 1972. A atmosfera de liberdade que existe hoje é muito
grande”
Franca, sonhadora, exigente
com Portugal. Considera que a Europa e a liberdade foi o melhor que o 25 de
Abril nos deu. Uma coisa assusta hoje Filomena Mónica: o regresso da pobreza.
Passados 38 anos depois do 25 de Abril, o que é que a incomoda ainda no
Portugal que temos?
Horroriza-me a pobreza
emergente, voltar a encontrar hoje a indigência nas ruas, famílias a passar
fome. Nunca pensei que a pobreza da minha infância ressuscitasse e não sei como
reagir. No Jardim da Estrela, um rapaz de uns 40 anos pediu-me esmola. Estava
convencida, depois do 25 de Abril, que a situação económica evoluiria sempre
para melhor e que o Estado social protegeria os mais fracos. Paguei sempre os
impostos, mesmo quando me custava, na convicção de que os membros mais frágeis
da sociedade a que pertenço nunca voltariam a cair na pobreza extrema. Quando
já nos pensávamos europeus e acreditávamos que as pessoas tinham alcançado o
bem-estar, que os velhos tinham assegurado um futuro digno até à morte, eis que
regressa aquela pobreza ancestral.
Que avaliação faz do debate de ideias na sociedade portuguesa?
Sempre foi péssimo, continua
péssimo e possivelmente será sempre péssimo. As pessoas debatem tudo em termos
pessoais, não são treinadas para organizar um pensamento racional, dedutivo,
calmo. Isto treina-se na escola desde pequeninos. Interrompem-se todos, tudo
muito emocional. E os portugueses não são bons a debater também porque acham
que há sempre interesses ocultos por trás. Se disser que não gosto de futebol,
vão pensar “Ah, isto deve ser porque ela tinha um pai que era futebolista” ou
“Ela está ligada a um clube”. A ideia de que alguém pode genuína e
independentemente ter uma opinião é difícil de aceitar para os portugueses. E,
mais uma vez, é por sermos um país pobre e pequeno.
Como avalia o desempenho da oposição?
A oposição desapareceu. O PS
não existe, nem sei o que é aquilo. O líder não tem carisma, não sabe o que
há-de fazer, está condicionado pelo acordo com a troika. E sucede a um
delinquente político chamado Sócrates, o pior exemplo que jamais, na História
de Portugal, foi dado ao país: ir para Paris tirar um curso de “sciences po”,
depois daquela malograda licenciatura – à qual não dou a menor importância,
pois há muitos excelentes políticos que não são licenciados. O engenheiro
Sócrates foi o pior que a política pode produzir. Depois de tantos processos em
que mentiu, aldrabou, não depôs, ninguém percebeu o que se passou com o
Freeport, os portugueses perguntam-se onde foi ele buscar dinheiro para estar
em Paris. Quem é que lhe paga as despesas e o curso? A esquerda socialista tem
ali este belo exemplar a viver no 16ème, e um sucessor que não inspira ninguém.
O PCP vive num mundo antes da queda do Muro de Berlim, e o Bloco de Esquerda
habita em Marte.
Leia a entrevista, na íntegra, aqui.
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