Isabel Stilwell
Na história dos direitos das
mulheres, a pré-história foi ontem. Em Portugal bem entendido, porque o
obscurantismo ainda se mantém na maior parte do mundo. E a verdade é que é
fácil esquecê-lo, sobretudo para quem nasceu muito depois de Abril de 1974.
Para esses, talvez seja mais fácil perceber o salto civilizacional que demos se
pensarem que uma mulher que nasceu em 1960, como eu, perante a lei não era
igual a um homem «pelas diferenças que resultam da sua natureza e do bem da
família». E que só quando fizeram seis anos é que as suas mães puderam passar a
exercer uma profissão liberal sem autorização do marido e a poder dispor do seu
próprio salário. Mesmo assim o marido podia denunciar o contrato de trabalho.
Já respirou fundo, de surpresa e indignação? Ainda falta o resto. Tinham oito
anos quando a mulher conquistou o direito de votar, desde que soubesse ler e
escrever, o que excluía logo a maioria. E mesmo assim não nas eleições
municipais. Estavam quase a fazer 14 anos, no 25 de Abril, mas já 15 anos,
quando o direito ao voto se tornou universal, e já 16 anos quando foi abolida a
lei que permitia ao marido abrir a correspondência da mulher, e a que exigia o
seu consentimento escrito para que pudesse sair do País. Foi também este o
marco do acesso a carreiras da administração local, à carreira diplomática e à
magistratura, e só então passou a ter direito a uma licença de parto
remunerada. A lista podia continuar, imensa, e se for medir a diferença do
papel à prática percebe que falta muito. Por isso amanhã celebre bem o dia.
Temos todos boas razões para isso.
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak,
24-04-2012
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