domingo, 22 de abril de 2012

Malvinas, Gibraltar e Olivença

Castelo de Olivença, foto: AD
Carlos Eduardo Luna
Parece que abriu a época das reivindicações históricas/territoriais. Logo em 30 de Janeiro de 2012, a Espanha reafirmava as suas pretensões a Gibraltar, afirmando responsáveis políticos do atual Governo que não seriam tão... digamos...benévolos... como o anterior executivo PSOE de Zapatero. Numa frase, “Gibraltar é Espanha!”.

Entretanto, e num grau mais acentuado, responsáveis argentinos insurgiam-se contra intentos britânicos em torno das Malvinas, e reafirmavam que as Malvinas eram território argentino usurpado. Em declarações a um periódico (2 de Fevereiro de 2012), o antigo Primeiro-Ministro argentino, Alberto Fernández, proferiu algumas declarações que talvez mereçam alguma meditação... nomeadamente em Portugal. Por exemplo, reafirmou que “A Argentina nunca deixou de reclamar a soberania das ilhas.”. E acrescentou que “As Malvinas são um caso de usurpação internacional, e o facto de os usurpadores estarem há muito tempo num sítio não lhes dá direitos”.

Os seus argumentos sobre a vontade dos autóctones é incisivo: “os autóctones das Malvinas não são tão autóctones como isso:são pessoas que os ingleses foram levando desde 1833, data da usurpação, até agora; obviamente, se usurpo uma casa, duas ou três gerações depois os meus descendentes vão dizer que a casa é deles; não é um bom argumento: é quase ingénuo. (...)”.

Agora, em 2 de Abril de 2012, jornais há que dedicam uma, duas, e até mais páginas ao aniversário da ocupação argentina das Malvinas em 2 de 1982, não se esquecendo de dizer que a sua recuperação pelos britânicos em Junho não resolveu o litígio, antes o agravou!!

Afinal, o tom e a argumentação argentinos aproximam-se das posições espanholas sobre Gibraltar.

O que causa um certo espanto não são estas reivindicações, mas sim a cobertura que órgãos de imprensa portugueses lhes dão, em contraste com as parcas notícias sobre outra problemática! E isso é quase chocante.

Refiro-me à Questão de Olivença. Território que, a nível oficial, é português. Mas de que pouco se fala. Por uma estranha lógica (?), parece achar-se normal que Espanha reivindique Gibraltar, que a Argentina reivindique as Malvinas, que se usem e divulguem todos os argumentos possíveis e imaginários, mas que se ignore Olivença. Estaremos perante uma discriminação contras Portugal? Partir se á do princípio de que Portugal é um caso diferente e que, ao contrário dos outros países, lhe fica mal afirmar as suas reivindicações... ainda que sempre, e naturalmente, de forma pacífica.

Já nem se pedia que fosse divulgada uma reivindicação. Mas, ao menos, que se falasse do renascimento da Cultura portuguesa no local, e da atividade, meramente cultural também, de um grupo local, o Além Guadiana, que luta pela Cultura e História portuguesas em Olivença, mantendo-se naturalmente afastado das polémicas sobre a soberania.

Parece que a Cultura portuguesa só interesse se renasce em lugares exóticos. Em Malaca, em Goa, em Macau. O que leva tantos dos nossos inteletuais e jornalistas a agir assim?
Título e Texto: Carlos Eduardo da Cruz Luna, Estremoz, 20-04-2012

A antiga e a nova ponte da Ajuda, Olivença. Foto: Hermínio

Um comentário:

  1. Olivença é Portuguesa,eu não desistirei de reivindicar o regresso do território usurpado por Espanha. António José da Silva Rocha

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