quarta-feira, 25 de abril de 2012

Mazelas de povo que não lê

Carlos Lúcio Gontijo
Lançaremos neste dia 27 de abril de 2012 o romance “Quando a vez é do mar”, nosso 14º livro. Confessamos que o fazemos movidos apenas pelo dom divino que nos guia e que se coloca bem acima da razão humana.
Não há estímulo algum para despender esforço na edição de obra literária em país de tão baixos índices de leitura, ainda que se incluam na apuração os livros didáticos e a Bíblia. Sem dúvida alguma, se os levantamentos se baseassem somente em obras de literatura e poesia os números se nos revelariam muito mais desanimadores.
Residimos hoje em Santo Antônio do Monte, onde mantemos o hábito de conversar com as pessoas, que são a fonte e a matéria-prima de qualquer autor. Pois bem, por aqui encontramos (como acontece em praticamente todos os municípios brasileiros) gente com curso médio completo que nunca leu uma obra de poesia ou ficção na vida, ocorrência que se daria se ele tivesse feito vestibular. Contatamos até jovem empresário que jamais havia ouvido o nome de Bueno de Rivera, um dos maiores poetas do Brasil, nascido em solo santo-antoniense.

Igreja Matriz de Santo Antônio do Monte
É por essas e outras que a conscientização da população é meta de difícil alcance, uma vez que ainda carecemos de escolas públicas de qualidade estendidas democraticamente a todos, fator indispensável à consolidação de uma democracia de fato, na qual o povo verdadeiramente poderá controlar o governo: primeiro não votando em candidatos espertos ou simplesmente enganadores. E depois fiscalizando as ações de governo através de mecanismos apropriados.
Contudo, enquanto não conseguimos melhorar o grau educacional de nossa população, somos obrigados a conviver com uma grande imprensa que, ao invés de noticiar os fatos, tem o costume de usá-los como enredo, editando-os segundo seus interesses, que ganham o status de verdade, por intermédio de repetidas manchetes.
Publicamos livros desde 1977, passamos 32 anos dentro de redação de jornal e há anos produzimos artigos que sempre tiveram o objetivo de construir ou alertar, quando a moda é desconstruir e desancar alguém ou alguma coisa, sabe-se lá com quais intenções ou propósitos.
O Congresso está aí com os andamentos de mais uma famigerada CPI que, ao final, após a análise de uma “cachoeira” de denúncias, servirá tão-somente para o redimensionamento das falcatruas, mesmo com a punição de alguns parlamentares e autoridades pegos com a boca na botija, pois pouco tempo depois nos depararemos com novos escândalos perpetrados contra os cofres públicos sob a égide de outra forma mais aprimorada de se apropriar da coisa pública.
Vamos dar um tempo em relação aos artigos, ficaremos assistindo aos laureados escribas articulistas e suas festejadas penas de aluguel (com louvor às raras exceções de praxe), que tudo fazem em defesa dos pendores políticos de seus patrões. Nosso pensamento se acha exposto em nosso site, através de nossos livros e alguns artigos de opinião ali inseridos e que foram extraídos entre mais de 600 publicações em jornais.
Durante toda a nossa trajetória estudantil jamais contamos com a presença de algum figurão do mundo das letras em nossa escola, o que implica o distanciamento entre o autor e o leitor de primeiras leituras, quando é tão importante a proximidade como materialização da palavra e do indispensável estímulo.
Enfim é isto: escolas ruins, professores desestimulados e intelectuais descompromissados ou entregues aos holofotes da mídia e seus nobres espaços gráficos, onde se nos apresentam como incontestáveis donos da opinião, ainda que não sejam sequer exatamente as suas e nem expressem os anseios das ruas, nas quais ecoam as roucas vozes que não chegam aos ouvidos dos iluminados colunistas e articulistas, cidadãos detentores de poder para comentar, criticar e reivindicar em nome da sociedade.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista

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