João Bosco Leal
Pelo tamanho de seu
território, número de habitantes e riquezas naturais, o Brasil é o país que
possui as maiores possibilidades de manter a liderança política e econômica já
conseguida entre todos os situados na América Latina. Para isso, a existência
de políticas destinadas ao fortalecimento econômico e social de todos os países
vizinhos ou próximos é indispensável, mas algumas concessões realizadas pelo
Brasil nos últimos anos têm extrapolado todo o bom senso que seria esperado de
um governante.
O contrato para a construção
de Itaipú, construída na divisa Brasil-Paraguai, na época a maior hidrelétrica
do mundo, dizia que a energia por ela gerada seria de propriedade dos dois
países em partes iguais, mas a construção seria realizada exclusivamente com
recursos brasileiros com a condição de que toda a energia não utilizada pelo
Paraguai da parte que lhe coubesse seria vendida ao Brasil por um preço e
período pactuado contratualmente na época. O governo Lula, porém, aceitou
alterar um contrato vigente com o Paraguai e passou a pagar para aquele país o
triplo do valor pela energia gerada em Itaipú, além de, como maior contribuinte
do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), autorizar a
construção de uma rede de transmissão de energia, com 350 quilômetros de
extensão para levar energia de Itaipú a Assunção, capital daquele país.
No mesmo governo Lula o país
assistiu de braços cruzados a Bolívia se apoderar de todos os investimentos da
Petrobrás naquele país e ainda aceitou uma brutal elevação nos preços do gás
que de lá importamos, e a imposição por aquele país de uma quantidade de gás a
ser importada maior que as nossas necessidades, mas que, mesmo não utilizando,
por ela pagamos. Depois, assistiu também passivamente o governo Evo Morales
assinar a legalização naquele país de aproximadamente cem mil veículos roubados
do Brasil, mediante o simples pagamento de uma taxa entre 2 e 3,5 mil dólares.
Por determinação de Lula, a
Petrobrás firmou com a empresa PDVSA, da Venezuela, um acordo para a construção
da refinaria de petróleo Abreu de Lima, em Pernambuco, fora dos grandes centros
de consumo brasileiro e consequentemente não estratégica para a empresa. A
refinaria já está praticamente pronta, mas até agora a empresa venezuelana não
participou com nenhum centavo da parte que lhe caberia na obra da qual é sócia.
O Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, em seu próprio nome já declara o
motivo para o qual foi criado, mas no governo Lula fez com que este financiasse
a construção de portos e em Cuba, linhas de metrô em Caracas na Venezuela, indústrias
da Argentina, estradas na Bolívia e usinas hidrelétricas no Equador, enquanto
no Brasil faltam recursos para investimentos em infraestrutura.
A sanidade animal é outro
grave problema enfrentado principalmente pelos estados que fazem divisa com
Paraguai, de onde por diversas vezes vieram focos de febre aftosa que
contaminaram nossos rebanhos causando prejuízos de milhões de dólares aos
produtores e ao país. Além dos veículos aqui roubados para serem trocados por
drogas nesses países, muitas armas são constantemente apreendidas pela Polícia
Federal entrando no país, provenientes principalmente da Bolívia e Paraguai.
A imprensa brasileira divulgou
esta semana que o governo da Argentina, que acaba de expropriar a empresa
petrolífera YPF-Repsol, da Espanha, enviou um representante ao Brasil para
cobrar maiores investimentos da Petrobrás naquele país. A nossa Presidente
Dilma será irresponsável a esse ponto? Afinal, apesar de o Governo Federal ser
seu maior acionista, esta é uma empresa privada que como tal deveria demitir o
responsável por um investimento como este ou que continuasse usando a Petrobrás
para controlar a inflação como já vem fazendo, impedindo o aumento do preço dos
combustíveis de acordo com o mercado internacional.
Necessitamos de países economicamente
fortes como parceiros comerciais, mas não de países que se utilizam do Brasil e
depois impedem a entrada de nossos produtos, como constantemente faz a
Argentina.
Produzam o que necessitamos, comprem o que produzimos e cumpram os
contratos realizados, são as regras mais claras e determinantes para o bom
andamento de qualquer tipo de parceria comercial.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal
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