segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Revolução é nossa!

Pedro Fernandes Antunes

O 25 de Abril foi um golpe de estado, iniciado por militares descontentes com a guerra colonial. Foi sustentado pelo povo que tinha a liberdade como objectivo

Imagem: Alfredo Cunha/Lusa
Qualquer pessoa com dois dedos de testa e um livro de história de Portugal minimamente actualizado percebe que foi a ditadura fascista que empobreceu o país e os seus cidadãos.

Só pessoas que tinham o seu estatuto a depender do regime fascista são saudosistas. Ou pessoas que acham que em tempos difíceis nos devemos virar para modos de vida mais simples... Como se na ditadura os tempos fossem simples em vez de simplórios. É uma espécie de nostalgia 1.0, hoje completamente obsoleta e consequência de falta de conhecimento e desinformação perpetuada pelos privilegiados da ditadura.

No seu discurso do 25 de Abril o Presidente da República falou da desinformação acerca de Portugal e da necessidade de informar o exterior acerca das qualidades do nosso país. Não vou tocar na falta de respeito demonstrada por alguns deputados à figura que é o representante de todos os portugueses. Também não vou pegar na espécie de nostalgia 2.0 das “Via Verde” e dos cartões pré-pagos do discurso.

O que me interessa são todas as desinformações internas perpetuadas acerca do que é socialismo (não funciona na prática independentemente do que se achar da teoria), do que é comunismo (na prática uma forma de fascismo sem corporativismo) do que foi o salazarismo (período de embrutecimento do povo português), da influência das “famílias” na economia (existe mas não é de longe tão grande nem tão negativa como se fala na rua), da influência da igreja católica na sociedade (existe e é favorecida, apesar de sempre ter apoiado os mais variados regimes fascistas), do que é liberalismo (o Estado deve interferir o mínimo possível na economia e sociedade), do que significa viver em democracia (respeito pelas instituições e vigilância constante).

O que mais me interessa é que se perceba que, com a excepção do BE e PCP (que por definição defendem um estado de coisas que sempre conduziu países a ditaduras), todos os partidos no parlamento são liberais. Uns mais outros menos, mas todos defendem uma democracia liberal e um mercado aberto aos privados.

Por isso convém relembrar e (re)informar acerca do que foi o 25 de Abril.

O 25 de Abril foi um golpe de estado, iniciado por militares descontentes com a guerra colonial. Foi sustentado pelo povo que tinha a liberdade como objectivo. Foi capturado por uma série de movimentos políticos comunistas dando início ao PREC. Só dois anos depois os partidos liberais, apoiados pelo povo, libertaram o país com uma constituição democrática.

Hoje o 25 de Abril não pertence a Capitães de Abril, históricos comunistas ou socialistas, ex-Presidentes ou (pseudo) senadores da República. Devemos respeitar cada um com base na sua responsabilidade na implementação da democracia e apenas na medida em que estes ainda mostrem respeito pelo desejo do povo pela liberdade.

Hoje o 25 de Abril pertence a quem quer continuar a construir uma democracia próspera. Hoje o 25 de Abril pertence aos verdadeiros promotores da liberdade... A cada um de nós e a mais ninguém!
Título e Texto: Pedro Fernandes Antunes, jornal “i”, 30-04-2012

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