segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ana Amélia lê carta enviada por comissária à Presidente Dilma…

... pedindo solução no caso Aerus...




Presidenta Dilma, AJUDE os ex-trabalhadores da Varig!

Eu queria só terminar, Srª Presidente, de uma maneira bem simples. Agora, saio da agricultura para tratar, Presidente Fernando Collor, de um tema extremamente relevante, em que o Senador Alvaro Dias, o Senador Paim, nós temos trabalhado muito intensamente. À época, o tema foi discutido no Brasil inteiro, porque não há brasileiro, especialmente aqueles que viajaram sempre muito, que não tenha carinho pela Varig – eu, particularmente, como gaúcha, também tenho isso. Hoje, eu recebi de Waldo Deveza uma mensagem pelo Twitter, como sempre, dizendo que nós estamos em ensurdecedor silêncio sobre a questão Aerus Varig. Semana sim, semana não, eu faço um lembrete na tribuna de algum modo, ou como questão de ordem, ou aqui, na tribuna, para pedir à Ministra Cármen Lúcia a decisão sobre o caso Aerus Varig, porque é preciso a decisão do Supremo Tribunal Federal numa questão de defasagem tarifária. 

Mas eu vou agora ler – é uma página apenas, Presidente Vanessa Grazziotin –, porque V. Exª tem sensibilidade para essas questões.

Essa correspondência foi enviada à Presidente Dilma Rousseff, pela comissária da Varig Angel Nunes, e diz o seguinte:

“Cara Presidenta Dilma Rousseff.

Muito me emocionou seu discurso. Por empatia me pus em seu lugar e imaginei sua dor, sua juventude roubada, sua impotência diante de um sistema que lhe torturou física, emocional e psicologicamente.


Hoje, Presidenta, a senhora se ocupa da extinção da miséria; tem a imagem de mãe zelosa e dedicada, para com um povo que nunca se sentiu objeto de atenção.


Lamentável, porém, que sua benevolência ainda não privilegie a mim e aos que como eu são já irremediavelmente sequelados, funcionários da falida Varig; sim falida, pois com a venda da marca há quem pense que a Varig foi recuperada.


Existem ações judiciais, inclusive em última instância, dependendo apenas de boa vontade política, já nos foram feitas promessas de solução que não se cumprem, ficando nossos pleitos fadados a servir de estofo às cadeiras da Justiça.


Ainda me dói lembrar o quanto rogamos ao BNDES 300 milhões para salvar a Varig, o que nos foi friamente negado; concomitantemente acompanhávamos os investimentos deste banco até em países estrangeiros.


Como Brizola nos fez falta [escreveu ela]. Me lembro [diz Angel Nunes] de seu orgulho como bom gaúcho pela nossa Varig, nas repetidas vezes em que o servi na primeira classe.Ele nos conhecia, nos amava e certamente nos teria ajudado.


Resultado: perdeu-se um património nacional, a aviação brasileira nunca mais foi a mesma, e não haverá outra Varig.


Da mesma forma [escreveu Angel Nunes] que a Senhora se sentiu, eu me sinto agora torturada pela angústia de ver meus colegas morrendo, pelo medo nas noites insones, sob a ameaça de suspensão definitiva do meu plano de previdência privada, Aerus, que desde 2006 me paga 60% a menos do que eu faço jus; isso por ser do Plano 2, porque os colegas que optaram pelo Plano 1 recebem 80% a menos do que lhes caberia. 


Torturada Srª Presidenta, por ver o abalo na vida e na saúde de meus filhos, um com epilepsia por stress, outro com depressão.


Não vou discorrer aqui sobre minhas perdas, mas foram muitas e irreversíveis.Torturada ainda pela humilhação de ter que implorar aos políticos, ao Judiciário e à Senhora por um direito que é meu, pois eu recebia 1200 e pagava 900 ao Aerus, na expectativa de uma velhice tranquila e um bom futuro para meus filhos, por ter a garantia da União, através da Secretaria de Previdência Complementar, atual Previc, órgão fiscalizador criado especificamente para me proteger, mas que, a despeito das denúncias, nada fez para evitar as irregularidades que acabaram por destroçar nossa autossustentação financeira. 


Nossa contemporaneidade nos torna semelhantes: vivemos a ditadura, o feminismo, o sonho dourado do socialismo. Somos mães, eu de dois filhos, a Senhora, de uma filha e de uma Nação, da qual eu e meus colegas fazemos parte. Se lhe foi roubada a juventude ...


(Interrupção do som.)

A SRª ANA AMÉLIA(Bloco/PP – RS) – Estou terminando, Srª Presidente. 

A SRª PRESIDENTE (Vanessa Grazziotin. Bloco/PCdoB – AM) – Não, V. Exª pode continuar, Senador Ana Amélia. 


A SRª ANA AMÉLIA(Bloco/PP – RS) – 


Se lhe foi roubada a juventude, nos está sendo roubada a velhice, em alguns casos, a vida, já que desde que essa hecatombe nos atingiu mais de 600 morreram por doenças adquiridas pelo desespero ou pelo suicídio. 


Se seu pranto por suas perdas, por seus mortos e por todas as violações aos direitos humanos que sofreu é legitimo, o nosso também. (...) Por ironia, nosso algoz é o nosso defensor, que não nos salvaguardou nem antes, nem durante, nem depois, que agiu dentro de seu mundo entupido de leis e interpretações destas, de burocracia e etc., desprezando o valor do trabalho e da vida, como se fora cego e surdo aos nossos clamores.

 
Alerto aquela jovem que um dia sonhou em mudar o mundo, que imbuída de sentimento nobre não poupou a si mesma de todos os riscos, inclusive o de morte, que chegou a hora de realizar seu ideal de igualdade e justiça. Presidenta Dilma, o seu discurso me comoveu, será que algum dia a Senhora se comoverá com o meu?
Cordialmente,
Angel Nunes – Comissária de bordo da Varig, com muito orgulho por ter representado, em 10.000 horas de voo, a qualidade superior de uma empresa e o nome de meu amado País, pelos mais diversos cantos do mundo.

Esse foi o meu pronunciamento, Srª Presidente.

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