sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cachoeiras e cascatas de mentira



Carlos Lúcio Gontijo
A democracia necessita de instituições públicas bem constituídas a fim de se manter alicerçada no supremo princípio de igualdade de tratamento para todos, pois quando isso não acontece experimentamos constantes ameaças de golpe, que advêm de maus políticos e grupos avessos ao diálogo permanente e que, inconfessavelmente, trabalham em prol do estabelecimento de regime autoritário, batendo às portas dos quartéis como sói acontecer no Brasil desde a proclamação da República.
O livre-trânsito de figuras como o contraventor Carlinhos Cachoeira nas antessalas dos poderes que regem o nosso país é uma prova de que estamos bastante distantes de afastar de nossa realidade a tênue democracia de que todos tiram proveito, até mesmo os que se dizem honestos, mas permanecem se deixando levar pelo corporativismo e só fazem coro contra algum de seus pares quando a denúncia do malfeito chega às ruas.
Ao longo dos anos temos trabalhado com afinco e desprendimento na elaboração de nossa obra literária, despendendo parcos recursos próprios porque não temos uma efetiva política cultural, que não encontra ambiente propício à sua fertilização, uma vez que os nossos nobres parlamentares estão sempre ocupados com questões menores, deixando o povo sem segurança pública, sem leis severas contra o avanço da violência, sem saúde pública eficiente, sem aposentadoria ao menos suficiente, sem transporte coletivo digno e, sobretudo, sem educação de qualidade extensiva a todos os brasileiros e, consequentemente, sem cultura, pois não há como incentivar a criação de gosto pela leitura em quadro social marcado por uma população de baixo grau educacional e, ainda pior, por alunos diplomados em ensino médio sem nunca terem lido um livro na vida.
Nossa luta como autor independente desde 1977 nos dá uma visão muito clara sobre o Brasil, onde tudo termina em cachoeira de enganação e cascatas de mentiras, que são elevadas ao patamar de verdades, segundo o interesse dos senhores do poder, como é o caso da grande mídia, que até agora não se tocou para o fato de que, com o advento da internet, ela deixou de ser a dona da notícia, que distorcida e ou editada em benefício de torpes propósitos, é logo desmentida por blogs e sites. Ou seja, a mídia tradicional perdeu o monopólio do noticiário e não se adaptou à nova realidade.
Hoje, ligamos para o jornalista e professor Hamilton Flores, colega de faculdade de Jornalismo, sócio em jornal alternativo nos anos 1970 (PROESTE) e ilustrador de nosso livro “Leite e Lua”, comentando com ele sobre a feira do livro em Belo Horizonte, onde não há sequer espaço determinado para autores independentes, conforme nos informou o poeta e escritor Ádlei Duarte de Carvalho, e os livros estão caríssimos, segundo nos revelou o Hamilton.
Enquanto isso acontece, estamos na batalha para mais um lançamento do romance “Quando a vez é do mar”. Desta vez em Santo Antônio do Monte, cidade do centro-oeste de Minas Gerais, onde hoje moramos, oferecendo ao público um livro de 400 páginas e repleto de ilustrações por R$30,00... Mas também pudera, trata-se de obra independente, sem a intervenção de agentes culturais, sem o caríssimo pagamento de estandes, sem gasto publicitário, sem orçamento gráfico superfaturado e, principalmente, revestido de uma grande dose de idealismo, pois sem essa chama não há caminho para o autor desprovido de selo editorial ou forte patrocínio empresarial, uma vez que o que persiste, realmente, é a propagação de cascatas e cachoeiras de mentiras em torno de uma cada vez mais intangível política cultural, que se existe (e quando existe) é ferramenta destinada a uns poucos laureados com o rótulo de notáveis e consagrados escribas.
Título e Texto: Carlos Lúcio Gontijo, Poeta, escritor e jornalista, 25 de maio de 2012

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